Virou passeio! Com 13ª queda, Ibovespa amplia pior série da história | Bolsas e índices

Já entramos na reta final de agosto, e nada de bolsa subir.

Foi ampliada nesta quinta-feira (17), com a 13ª queda, a maior sequência negativa desde sempre. A cada pregão, fica mais escancarada a fragilidade da tese de que, ao cair da Selic, ações entrariam em disparada no Brasil. Para isso ser líquido e certo como 2 e 2 são 4, precisava a economia global se resumir ao Brasil.

Mas existem os Estados Unidos e, muito por causa deles, o Ibovespa sangra um pouquinho por dia.

• Com esta queda de 0,53%, já são 5,71% de perdas diluídas ao longo de 13 quedas para o principal índice da bolsa, que habita os 114.982 pontos. Na semana, até aqui, 2,61% de baixa. No ano, restam agora 4,78% de ganhos, que eram 11% antes de agosto começar.

As ações da Vale e seus mais de 12% de espaço na carteira teórica do Ibovespa ajudaram a reduzir danos. A China segue responsável pelo astral macambúzio dos últimos pregões, entre dados decepcionantes e risco de quebradeira de seu setor imobiliário. De todo modo, os preços do minério de ferro, com disparada de mais de 4%, reagiram à expectativa de que aconteça o que sempre acontece pelas bandas chinesas. Ao menor sinal de crise, o governo soca estímulos.

• Papéis da mineradora, nesse embalo, subiram 1,41%, destaque entre 23 altas de 85 ações do Ibovespa.

Do mais, nada de muito novo sob o sol. Alocações em bolsas vão sendo drenadas pelos títulos públicos americanos em rali, com rendimentos já nos maiores níveis em 15 anos.

Não bastando, o banco central americano (Federal Reserve, o Fed) colocou pingos nos Is. Vira e mexe, analistas festejam a inflação indo embora nos Estados Unidos de maneira indolor. Investidores, então, são levados a tomar risco como se a alta de juros por lá não fosse contrair a economia e gerar desemprego. Mas é não tem mágica em economia. E, seguido esse receituário, ainda que os juros americanos não subam mais, devem começar a cair só em 2024, quando muito.

Esse cenário não deve alterar os próximos passos da Selic. Novos cortes de meio ponto estão por vir, mas, talvez, nem tantos. O mercado estima queda dos atuais 13,25% ao ano aos arredores de 9% ao final do ciclo de cortes. A depender do andar da carruagem internacional, no entanto, essa projeção pode se mostrar ambiciosa demais.

• A chave para entender se será, ou não, está no dólar. Depois do estirão dos últimos dias, ao menos, parece ter encontrado resistência pouco abaixo dos R$ 5. Caiu 0,10% nesta quinta, a R$ 4,98. Na semana, está 1,59% mais caro. Com a alta de 5,34% em agosto até aqui, reduziu a queda anual que tinha na virada de julho a 5,62%.

É esse o risco importado que vem sendo embutido na curva de juros futuros brasileira, quanto mais longo seja o contrato:

• Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. Taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 cederam de 12,46 a 12,44%;
• Já para janeiro de 2033, subiram de 11,21% a 11,32%. Quão mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).

Como efeito, vão sendo amassadas as ações de empresas cujos valores de mercado são deprimidos quando sobe o custo de capital estimado para ao longo dos anos. Justamente elas que, de quem se esperam os maiores ganhos ao sabor da queda da Selic.

• Há uma coleção de companhias com essas características entre as 58 quedas de 85 ações do Ibovespa nesta quinta. Foram lideradas pela Via, com perdas de 6,15%.

• A carteira teórica mais badalada do Brasil girou R$ 21 bilhões.