A Selic caiu, mas juro no empréstimo pessoal subiu. Quem é o culpado? Compare taxas entre bancos | Crédito
A Selic (taxa de juro referencial no mercado brasileiro) pode ter caído meio ponto na primeira semana do mês – um movimento muito antecipado por aqui – mas seus efeitos ainda estão longe de serem sentidos pela pessoa física. Em agosto, a taxa média de juros do empréstimo pessoal em grandes bancos ficou em 7,99% ao mês, uma variação positiva de 0,34 ponto percentual em relação a julho. Assim, o patamar de custo da dívida alcançou 151,63% ao ano. Isso significa que, a cada R$ 100 de dívida contratada, o cliente paga atualmente R$ 251,63 para o banco no prazo de 12 meses – se não atrasar nenhuma parcela.
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Os dados são da pesquisa mensal realizada pelo Procon-SP, cujo último levantamento foi feito no dia 3 de agosto de 2023 (um dia após o anúncio do Banco Central da decisão pelo corte da Selic).
E o principal responsável pelo aumento deste mês foi o Santander, que elevou sua taxa para empréstimo pessoa física de 7,89% ao mês em julho para 9,99% ao mês em agosto, variação positiva de 26,61%.
Na outra ponta, o Bradesco ajudou (um pouco) a contrabalançar esse salto com uma redução de meio ponto em suas taxas. Os juros de empréstimo pessoal pessoa física no banco desceram de 9,69% ao mês em julho para 9,64% ao mês agora em agosto.
O Procon-SP orienta que, mesmo com a redução recente da taxa Selic, “o consumidor deve evitar essas linhas de crédito, uma vez que as taxas de juros, em ambas modalidades, permanecem em patamares elevados.”
Taxas de juros em agosto/2023
Bancos | Empréstimo pessoal (ao mês) | Cheque especial (ao mês) |
Banco do Brasil | 6,39% | 7,73% |
Bradesco | 9,64% | 8% |
Caixa Econômica Federal | 4,96% | 8% |
Itaú | 9,73% | 8% |
Safra | 7,25% | 8% |
Santander | 9,99% | 8% |
Demais bancos mantiveram suas taxas. Bradesco e Santander se destacam entre os grandes bancos desde o fim do ano passado pela desaceleração dos lucros e riscos crescentes nas carteiras de crédito. Esse cenário explica os reajustes mais expressivos na gestão de carteira nesses bancos, a fim de controlar a inadimplência e reduzir as provisões com devedores duvidosos (PDD).
O Procon-SP destaca que o levantamento se refere a taxas máximas pré-fixadas para clientes pessoa física não preferenciais, independentemente do canal de contratação.
No cheque especial, o juro médio praticado pelos grandes bancos permanece estável desde fevereiro de 2021, em 7,96% ao mês, equivalente a 150,56%. Das seis instituições bancárias pesquisadas, cinco oferecem a taxa de 8% ao mês, o teto limitado pelo Banco Central para esse produto desde janeiro de 2020. Só Banco do Brasil diverge com juros de 7,73% ao mês no cheque especial, o que puxou a média geral para baixo.
O levantamento é realizado mensalmente pelo núcleo de pesquisas da Escola de Proteção e Defesa do Consumidor nos bancos Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, Safra e Santander.
Procon juros crédito empréstimo pessoal bancos — Foto: Getty Images