Por que é importante investir no exterior? | Investimento no Exterior
“Sempre recomendamos ter exposição lá fora, seja de 5%, seja de 90% da carteira, isso vai depender do perfil de cada um, mas faz sentido sempre estar investido no exterior“, defende George Kerr, responsável pelas operações da gestora Compass no Brasil, durante painel na Expert XP.
Para o executivo, ter uma parte do patrimônio no exterior, mesmo que uma parcela pequena, tem um papel importante para qualquer investidor brasileiro. Ele destaca que os preços de produtos do dia a dia e que influenciam a inflação, como combustíveis, eletrônicos e até mesmo os alimentos, variam de acordo com o câmbio.
Por isso, ter alocação na moeda seria uma forma de preservar o patrimônio, se protegendo da inflação desencadeada pela alta do dólar. Kerr também diz que o Brasil tem o risco político, típico de um mercado emergente. Ruídos políticos têm potencial para derrubar a bolsa, aumentar os juros e o câmbio.
“O dólar deve enfraquecer este ano globalmente. Por outro lado, se tiver uma recessão, você tem uma fuga para ativos de proteção“, pontua.
De acordo com Kerr, há uma janela de oportunidade para quem quer entrar no mercado internacional. Os juros estão altos em todo o mundo. No caso dos Estados Unidos, esta é uma chance de aproveitar uma condição incomum de prêmio de risco em uma das economias mais estáveis do mundo.
“Se você conseguir comprar títulos de renda fixa com o atual prêmio de 5,5% ao ano, você será muito mais recompensado. A curva vem se abrindo porque há uma preocupação de que não vai haver corte em abril ou maio do ano que vem. Mesmo que haja uma perda, com esse carrego é possível se recuperar mais fácil do que quando os juros estavam muito baixos”, diz.
A renda variável também vem se mostrando forte, após um ano de perdas em 2022. Os principais índices e ações de peso dos Estados Unidos e até da Europa mostram forte recuperação. Embora seja interessante olhar para outros países, Kerr defende que não se deve apostar contra os Estados Unidos porque o país tem mostrado o quanto sua economia é forte, mesmo diante do aumento de juros para níveis que não se via em décadas.
“Faz sentido começar a olhar outros mercados. Mas querendo ou não boa parte da inovação vem dos EUA, as grandes empresas globais estão lá. É difícil não ter exposição americana quando a indústria é pujante lá. O país tem 60% do índice global de ações, o MSCI“, sustenta. Pelos cálculos da Compass, a renda variável nos Estados Unidos tem potencial para entregar ganhos de 10% ao ano em dólar.
Sobre os riscos, ele diz que o mais importante é se posicionar em empresas “de qualidade”, as quais ele define como aquelas que crescem acima da média e têm bastante caixa. Com essas reservas, as boas companhias conseguem atravessar melhor as tempestades. “Independente de uma pandemia ou não elas estarão aqui (de pé)”, completa.
O executivo diz ainda que quem demorar demais a tomar risco no exterior pode perder boa parte da alta que deverá vir em breve, quando os juros do Brasil caírem. A queda de juros por aqui e manutenção de taxas atrativas em países desenvolvidos tende a provocar uma fuga de dólares, o que valorizaria a moeda ante o real.
“Quando você vê incentivo com CDI alto no Brasil é difícil tomar risco. Mas quando as taxas caírem, as pessoas vão ter que tomar a tomar risco. Se quiser voltar para o risco quando o juro estiver a 9% ano, vai perder boa parte da alta”, diz.
Ele lembra ainda que estar posicionado internacionalmente deve ser uma estratégia bem fundamentada e lembra que o investidor precisa confiar nela. “Quem apostou contra o S&P 500 (índice que reúne as maiores empresas da bolsa americana) no ano passado, porque estava caindo, se deu mal. Agora o índice está subindo 20%“, diz.
Mesmo com o risco iminente de recessão na Europa, Kerr afirma que há boas oportunidades no continente. Segundo ele, há papéis de empresas centenárias, de qualidade, que estão abaixo do preço. O especialista lembra ainda que, apesar da guerra, dos juros em alta e da inflação, as bolsas europeias acumulam alta este ano.
“O importante é sempre estar investido lá fora. Quem desinvestiu, perdeu. Tem muitos estudos que falam sobre isso [desses resgates em momentos de estresse]. Inclusive um que constatou que pessoas mortas têm retornos melhores que as vivas porque elas não fazem resgates“, conclui.