Faz quase oito anos que a rede Oggi Sorvetes passou a atuar no mercado de franquias e hoje já soma mais de 800 pontos de venda inaugurados, principalmente em regiões periféricas, que atendem as classes C e D. O plano agora é chegar às mil lojas até o final do ano e cravar um faturamento de R$ 700 milhões.
Em entrevista a PEGN, o sócio-fundador da marca, Rodrigo Mauad, explica que uma das ferramentas que tem ajudado a alavancar o crescimento da marca, com cerca de 25 inaugurações por mês, atualmente, é o investimento inicial a partir de R$ 50 mil para o novo franqueado. O valor, de acordo com ele, é praticamente todo para a obra do ponto.
Outros R$ 80 mil, que contemplam a taxa de franquia, equipamentos, primeiro pedido e identidade visual, são parcelados pela franqueadora. A rede estima um investimento de R$ 40 milhões nos próximos 18 a 24 meses para garantir essas condições e para o aprimoramento da fábrica e logística. “Nosso franqueado geralmente é uma família que trabalha diretamente no negócio. Buscamos por gestores que comandem as lojas de perto”, diz.
As lojas da Oggi (lê-se ‘hoje’) estão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal. No entanto, o foco de expansão no momento são os estados do Sudeste, sobretudo por questões logísticas – a fábrica da marca fica em Barra do Piraí (RJ) e é responsável por até 70% dos itens vendidos nas lojas.
“O maior desafio nesse ramo é ter uma logística bem estruturada. Hoje estamos muito fortes no estado de São Paulo, e também temos centros de distribuição em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Não conseguimos explorar o Brasil inteiro se não tivermos estrutura local. Estamos no passo de antecipar a logística para depois crescer”, diz Mauad.
Franquias surgiram no boom das paletas mexicanas
Mauad conta que a ideia da marca Oggi surgiu em 2006. Na época, ele olhava para as vendas por impulso de sorvetes no varejo e entendeu que poderia agregar valor à oferta que existia. Até 2009, a Oggi se concentrava na venda de picolés e pequenos potes para pontos menores, como padarias, restaurantes e lanchonetes, mas a entrada em supermercados, com potes de sorvetes de dois litros, ajudou a catapultar a marca para mais regiões.
Em 2014, vivendo uma crise financeira por conta da falta de experiência na gestão da empresa, que já tinha um porte maior, e pelo comportamento do próprio cliente, a empresa entendeu que precisaria de uma nova guinada. A inspiração para olhar para o franchising foi o sucesso das franquias de paletas mexicanas, na ocasião. “Fomos tentar entender por que fazia tanto sucesso. Percebemos que tinha demanda por produtos diferenciados, mas não tinha tanta oferta. Por isso, resolvemos montar uma loja de sorvetes com preços mais competitivos”, diz.
A loja de fábrica foi inaugurada em setembro de 2015. Os primeiros dois anos foram desafiadores, pela falta de conhecimento no mercado, segundo Mauad. “Franquia geralmente trabalha com loja de rua ou shopping, e a nossa tinha um perfil diferente, classe C e D, mais para a periferia. Não sabíamos como buscar ponto, como selecionar esse franqueado, até a hora que entendemos que precisávamos mudar a forma como fazíamos prospecção.” Em 2018, com a casa arrumada, a rede começou uma expansão acelerada. “Entramos em 2018 com 24 unidades e fechamos com 109”, afirma.
Unidade da Oggi Sorvetes — Foto: Divulgação
No início, a produção era feita com parceiros, enquanto a Oggi montava uma estrutura própria. Em 2019, a marca inaugurou a fábrica e abandonou o canal varejo de vez. O ponto fabril localizado em Barra do Piraí é responsável por 70% dos sorvetes vendidos pela marca. A capacidade de produção atende 1,5 mil lojas.
Revisão de processos para segurar preços
Atualmente, o delivery corresponde a 10% do faturamento das franquias da Oggi Sorvetes, e só se manteve relevante entre março e junho de 2020, no período mais crítico da pandemia, de acordo com Mauad. A marca, que é conhecida pelo preço mais acessível, também precisou revisitar alguns processos para segurar os repasses de preço no período.
“A gente conseguiu absorver muito os custos de matéria-prima e embalagem. Levantamos alguns pontos em que não estávamos sendo eficientes, como máquinas mais automáticas, logística e outras ineficiências, e colocamos as melhorias em prática em 2022. Assim, conseguimos absorver os aumentos”, afirma. Atualmente, o tíquete médio está em R$ 22, e cada picolé custa a partir de R$ 1,25.
Falando sobre sazonalidade, um dos principais desafios da indústria de sorvetes, Mauad diz que ainda não conheceu uma rede do nicho que consiga manter a mesma receita em todas as estações do ano. Nem mesmo a Oggi, que hoje é a maior franquia de sorvetes do país, de acordo com o ranking da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
“Falamos sempre que o franqueado tem que olhar o faturamento anual. A sazonalidade é algo real e histórico do mercado de sorvetes. O treinamento já mostra que ele não vive só na alegria do calor, e nem só na tristeza do frio, mas é preciso trabalhar bem o verão para passar bem o inverno.”