Câmbio

O que o CPI, o indicador de inflação dos EUA, aponta sobre o rumo do Fed | Investimento no Exterior


O principal destaque foi a forte alta nos preços da gasolina de 10,6%, resultado da cotação do preço do barril de petróleo que aumentou quase 5% em agosto, chegando próximo a US$ 90. O movimento dos preços acabou afetando toda a cadeia ligada a transportes, aponta o economista da casa de análises Suno, Rafael Perez. “Contudo, já é possível notar uma desaceleração relevante nos preços de serviços, moradia e alimentos quando se olha para o acumulado de 12 meses”, completa.

Leia mais: Bolsas da Europa recuam com agentes esperando por dados de inflação dos EUA

Já o núcleo de inflação, que exclui itens mais voláteis e é olhado mais de perto pela autoridade monetária, teve um aumento de 0,3% e, no acumulado dos 12 meses, se encontra em 4,3% ante a 4,7% no mês anterior, o menor valor desde setembro de 2021. Enzo Pacheco, analista da casa de análises Empiricus, destaca que o Fed vem desejando que o núcleo da inflação se aproxime da meta, e isso vem acontecendo.

Como a alta do índice se concentrou em itens mais voláteis, deixou o núcleo do índice em linha com o esperado. Portanto, analistas não acreditam que ele seja suficiente para mudar os rumos da política monetária do Fed e a projeção de que o ciclo de alta dos juros americanos encerrou. Contudo, reforça a sensação de que o BC americano deve manter as coisas como estão por um bom tempo.

Juros mais baixos? Só no segundo semestre de 2024

Para Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, o Fed deve olhar para o CPI com atenção e afastar a antecipação do corte de juros. “No melhor dos mundos, o corte deve vir apenas no meio do ano que vem. A precificação de cortes antes disso parece bem precipitada”.

Perez, da Suno, lembra que, além da trajetória da inflação, alguns pontos importantes estão sendo monitorados pela autoridade monetária, como o nível da atividade econômica e o mercado de trabalho. E os últimos dados mostram um esfriamento do mercado de trabalho. Ele cita como exemplo a criação de emprego privados, o ADP, e de abertura de vagas, o JOLTS, que vieram abaixo do esperado em agosto. Além disso, a taxa de desemprego passou de 3,5% em julho para 3,8% em agosto.

Além disso, a revisão para baixo do PIB do segundo trimestre de 2023, os dados mais fracos nas vendas de casas e do mercado de crédito, além da queda no índice de confiança do consumidor mostram que a economia já vem sentindo os efeitos cumulativos da escalada na taxas de juros, conclui Perez. “Os próximos dados serão importantes para corroborar esse cenário. De qualquer forma, esperamos o fim do ciclo de alta dos juros, mas que deverá permanecer no pico por um bom tempo até que a inflação dê sinais de convergência para a meta de longo prazo de 2% ao ano”.

Estados Unidos EUA economia americana inflação — Foto: GettyImages
Estados Unidos EUA economia americana inflação — Foto: GettyImages



Valorinveste

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo