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Limitado pela Petrobras, Ibovespa reage sob alívio nos EUA | Bolsas e índices


A aposta segue de pé. Mas, ao menos, foi dado um pequeno refresco no rali dos títulos americanos, um dia depois de seus rendimentos irem às máximas em 16 anos. Nesta quarta (4), números sobre a criação de vagas pela iniciativa privada em setembro ficaram abaixo do esperado nos Estados Unidos. Serviu para estancar a onda de aversão ao risco da véspera, sob efeito de volume bem acima do esperado de vagas deixadas em aberto no mercado de trabalho americano em agosto.

A prova dos 9 vem nesta sexta (6), quando forem divulgados o índice de desemprego e, mais importante, a que ritmo os salários americanos têm subido. Com esse número em mãos, investidores devem encerrar a semana mais certos de onde estão pisando.

A espera desses dados, portanto, o ganho de coragem dos investidores foi tímido em relação à busca por proteção de 24 horas atrás.

  • O Ibovespa, principal índice de ações, subiu 0,17%, a 113.606 pontos. Nestes dois primeiros pregões de outubro, o saldo está negativo em 2,54%. No ano, positivo em 3,53%.
  • A carteira teórica mais famosa do Brasil girou R$ 16 bilhões, 20% abaixo da média diária dos últimos 12 meses.
  • Das 86 ações do Ibovespa, 60 subiram.
  • O preço do dólar, por sua vez, andou de lado pelos R$ 5,15. A escalada outubrina está em 2,50%. No ano, a queda agora é de 2,38%.

O alívio das taxas de juros futuros americanas respingou nas brasileiras. Seguem embutindo o mesmo ponto final de 10,75% ao ano para as quedas da Selic, em 2024. Mas, mesmo assim, bastou para justificar a busca por descontos em papéis de empresas mais sensíveis ao custo de capital ao longo dos anos:

  • Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. Taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caíram de 11,18% a 10,99%;
  • Já para janeiro de 2033, de 12,13% a 12,00%. Quão mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).

Além desses papéis, os bancões tiveram papel importante na sustentação do Ibovespa. Reagiram à notícia de que, por ora, nada de mudanças nos chamados Juros sobre Capital Próprio (JCP). Com o mecanismo de distribuição de lucros, o setor consegue se livrar de pagar impostos. O governo está de olho nessa dinheirama, mas o fim da modalidade acabou de fora do relatório do projeto de lei que pretende criar tributação sobre fundos exclusivos e offshores.

  • A maior alta no segmento veio das ações preferenciais (PN, com preferência por dividendos) do Bradesco, com 3,38%.

Por outro lado, ações que dependem dos níveis de consumo global, com destaque às petroleiras, concentraram a aversão de investidores.

Com tantos juros no mundo, por si só, é de se esperar algum baque no orçamento das famílias e, portanto, no consumo de combustíveis. Estoques bem mais elevados que o imaginado de gasolina nos Estados Unidos, revelados nesta manhã, corroboraram essa visão. Ajudaram a derrubar com força as cotações de petróleo.

Além disso, há o fator cambial em jogo. A perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos aquece os preços do dólar em diversas moedas. E quanto mais divisas são atraídas de volta pelo rali dos rendimentos dos títulos americanos, menos sobram para países com moedas enfraquecidos importarem petróleo.

Ou seja, contraintuitivamente, a alta do dólar pode até deixar a gasolina mais barata. O câmbio em alta, em situações normais de pressão e temperatura, leva consigo preços de combustíveis. É um dos componentes levados em conta na formação de preços pela Petrobras. No entanto, de tanto subir pelo mundo, o dólar pode mais ajudar que atrapalhar a saúde financeira dos motoristas. Os lucros da estatal, por outro lado, podem ser menores do que vinham sendo estimados.

  • Enfim, a referência global negociada em Londres afundou nada menos que 5%, negociada a US$ 86 por barril. Nesse embalo, os papéis ordinários (ON, com direito a voto em assembleias) da Petrobras caíram 3,02%. Preferenciais (PN, com preferência por dividendos), 3,97%. A companhia tem relevantes 12,6% de espaço no Ibovespa.
Sobe — Foto: GettyImages
Sobe — Foto: GettyImages



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