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Ibovespa fecha a semana no menor nível desde junho | Bolsas e índices


O pregão desta sexta-feira (20) na bolsa foi bem parecido com o de uma semana atrás.

Na última sexta (13), os parcos negociantes estavam principalmente correndo atrás de proteção. Reagiam à ofensiva de Israel. A ameaça era de ir além dos mísseis em Gaza, contra-atacando também por terra os terroristas do Hamas. Num momento em que as incertezas sobre os juros americanos já justificavam a cautela, os desdobramentos desse novo capítulo da guerra eram imprevisíveis.

E seguem sendo. Até aqui, nada de invasão. Mas virá “em breve”, avisa Israel.

Assim, na sequência de dias tensos, com um ataque a um hospital em Gaza sendo o ponto alto das aflições, a turma vai para mais um fim de semana colocando lucros no bolso. A depender do andamento da guerra entre sábado (21) e domingo (22), afinal, parte dos ganhos acumulados nas bolsas podem evaporar na abertura do pregão desta segunda-feira (23).

A tentação de refúgio no Tesouro americano, portanto, é enorme.

Investir nos Estados Unidos já foi menos arriscado, e mesmo assim a economia americana ainda é a mais segura do mundo. E seus títulos públicos, sob impacto da resiliência da inflação e de uma trajetória de dívida explosiva, estão agora nos maiores patamares de rendimento em quase duas décadas. E até perderam um pouco de teto nesta sexta, sob pressão compradora forte.

  • Como efeito, o principal índice da bolsa do Brasil fecha a semana ao menor nível desde os 112.696 pontos de 5 de junho. Após a queda de 0,74% desta sexta, o Ibovespa acumulou perdas na semana de 2,25%, indo a 113.155 pontos. Tem perdas em outubro de 2,93%. Em 2023, alta de 3,31%.

  • A carteira teórica mais famosa do Brasil girou R$ 18 bilhões nesta sexta, pouco abaixo da média diária dos últimos 12 meses. Na semana, giro médio de R$ 17 bilhões, 10% aquém.

  • Das 86 ações, 53 caíram neste pregão derradeiro.

  • O preço do dólar, ao menos, cedeu 0,45 nesta sexta e 1,15% na semana, a R$ 5,03. Em outubro, alta de 0,07%. Em 2023, desconto acumulado de 4,69%.

Sob essas trevas, a queda da Selic não tem se convertido em atratividade à bolsa. Já caiu de 13,75% ao ano a 12,75% desde agosto. Vêm aí mais duas quedas de meio ponto, pelo menos. E nada.

Nesse sentido, para não cairmos na esparrela de que “o inferno são os outros” e coisa e tal, o Brasil também não tem se ajudado nesse percurso. A inflação no retrovisor de fato justifica reduzir o aperto monetário, e não há no mercado quem discorde muito. No entanto, o horizonte impõe dúvidas sobre a continuidade da queda do custo de vida rumo às metas perseguidas pelo Banco Central (BC).

A escalada dos juros na maior das economias, por si só, justificaria duvidar de um ciclo de cortes da Selic muito profundo. Lá fora, bela viola para dólares, embora já tenha sido mais afinada. Quanto ao pão bolorento de dentro, poderia não ser tanto. Mas as agendas fiscal e tributária seguem empacadas.

Nesse ambiente, a guerra de potencial explosivo (sem trocadilhos) acaba acentuando o pessimismo dos investidores.

Os preços do petróleo são o novo risco no balanço. A ver se a Petrobras repassaria eventual ida dos barris às proximidades de US$ 100. Há dúvidas. A empresa diz que sim. Mas, sob um barulho desses, acaba de cortar preços de gasolina. Seja como for, a turma treme na base diante de possível novo apertão na oferta. Nada menos que 60% da produção global está no Oriente Médio.

  • Em linhas gerais, economistas não esperam que a trajetória dos juros globais mude um décimo sequer caso os preços dos barris de petróleo fiquem rondando os US$ 90. Eis que, em duas semanas de guerra, essa barreira psicológica foi rompida com alta de mais de 9%, dos US$ 85 aos US$ 92.

Analistas, há 10 semanas, apostam majoritariamente numa queda da Selic até os 9% ao ano em 2024. Mas quem coloca o rico dinheirinho em aplicações financeiras não confia. E cada vez menos. Lá no fim de junho, a turma estava até mais otimista, embutindo à curva de juros futuros uma queda da Selic aos 8,75% ao ano. Mas o mundo veio girando. E, agora, a média dos investidores coloca a mão no fogo por apenas 11% cravados. E se vai subindo a premiação na renda fixa, a bolsa patina:

  • Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. Ao longo da semana, taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiram de 10,97% a 11,05%;
  • Já para janeiro de 2033, de 11,83% a 11,92%. Quão mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).

Posição fetal — Foto: GettyImages
Posição fetal — Foto: GettyImages



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