Copom e banco central americano decidem juros hoje, uma ‘Super Quarta’ | Moedas e Juros
Esta quarta-feira (1º) é mais uma “Super Quarta”, dia em que os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos decidem as suas taxas básicas de juros da economia, que influenciam outras taxas, como os dos empréstimos e aplicações financeiras. A definição desses juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação.
No Brasil, é unânime no mercado a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortará hoje a Selic em 0,5 ponto percentual, de 12,75% para 12,25% ao ano, conforme um levantamento elaborado pelo jornal Valor com 140 consultorias e instituições financeiras. Além disso, a imensa maioria do mercado (96,4%) espera uma diminuição de 0,5 ponto percentual no fim deste ano, o que levaria a taxa a 11,75%.
Contudo, em relação a dezembro de 2024, a pesquisa indica um aumento na mediana das previsões dos economistas para os juros, que passou de 9% na pesquisa de setembro para 9,25% agora. O mercado passou a ver um espaço menor para redução da Selic porque percebeu que os Estados Unidos devem continuar com altos juros nos próximos anos, em um ambiente que ainda contempla riscos para as contas do governo e expectativas de inflação acima do centro da meta.
A corretora XP acha que o Copom cortará os juros em 0,50 ponto percentual por reunião até maio de 2024 e fará uma diminuição final de 0,25 ponto percentual em junho. Assim, a Selic alcançaria 10% ao ano. “Acreditamos que a política monetária ainda precisará permanecer restritiva no próximo ano para compensar os efeitos da política fiscal expansionista e garantir a convergência da inflação à meta”, afirma a plataforma em relatório assinado por Caio Megale, economista-chefe da XP.
“O aumento das taxas de juros de mercado nas economias desenvolvidas tende a ser um limitador adicional à flexibilização monetária de países emergentes em 2024. De fato, os juros básicos na América Latina estavam em patamares mais altos antes da crise financeira global de 2008, a última vez em que as taxas dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA atingiram 5%. Este é um risco de alta para a nossa projeção de taxa Selic a 10% em meados do próximo ano”, diz.
Nos Estados Unidos, a previsão do mercado é que o Federal Reserve (Fed) mantenha os juros inalterados hoje, mas os investidores procurarão orientações nas comunicações do banco central americano. Surpresas positivas na economia americana estão deixando menos óbvio qual será o fim do ciclo de alta de juros no país.
Na semana passada, o avanço forte do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no terceiro trimestre, de 4,9%, veio se juntar a outros indicadores que apontam uma economia resiliente, que pode dar mais trabalho para o banco central americano desacelerar a inflação à meta de 2% ao ano. Nem com os juros escalando de perto de zero para a faixa de 5,25% a 5,50% em 18 meses, o aumento mais rápido da história, as condições econômicas parecem restritivas o suficiente.