Câmbio

Contrariando Haddad, Lula diz que não precisa atingir metas fiscais | Brasil e Política


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta (27) que a meta de déficit fiscal “não precisa ser zero”. A fala contraria o que defende o ministro Fazenda, Fernando Haddad, e o que está previsto no arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos.

Presidente Lula — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Presidente Lula — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

“Nós dificilmente chegaremos à meta zero, até porque eu não quero fazer cortes em investimentos e obras. A gente não precisa disso [meta fiscal zero]”, disse Lula, em café com jornalistas no Palácio do Planalto.

“Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras. Se o Brasil tiver o déficit de 0,5% o que é? 0,25% o que é? Nada. Vamos tomar a decisão correta e nós vamos fazer aquilo que vai ser melhor para o Brasil.”

“Criatividade” no manejo dos juros

Na mesma toada, Lula afirmou ainda que o Brasil pode crescer mais de 3% neste ano e defendeu “criatividade” no manejo dos juros no país para enfrentar esse cenário complicado no ano que vem. A fala eleva tensões no mercado sobre um possível afastamento da política de governo da agenda econômica apresentada até aqui.

“Não adianta dizer que o juro americano está ruim. Eu quero saber do Brasil, temos que ser criativos aqui. Nós temos consciência do que está acontecendo na economia mundial, então temos que atuar agora para evitar que essa doença não tenha cura”, disse Lula.

Acontece que o juro mais elevado nos Estados Unidos, especialmente o título de 10 anos, é o que dá o tom no mercado global. Com taxas mais elevadas lá fora, a renda fixa americana se torna atraente demais para investidores – especialmente os estrangeiros – continuarem alocando em países emergentes. A fuga do dólar penaliza a moeda brasileira e tende a provocar mais inflação aqui.

Indicações para o Banco Central

O presidente adotou tom evasivo ao ser questionado, durante café da manhã com jornalistas, sobre as novas indicações que o seu governo deve fazer para o Banco Central (BC). Mais cedo, Lula se reuniu com Haddad, o que elevou as especulações sobre um possível anúncio.

“Eu tenho que indicar muita gente esse ano. Eu tenho que indicar mais alguns ministros do Superior Tribunal de Justiça, quatro pessoas para o Cade, procurador-geral da República ou procuradora, ministro ou ministra da Suprema Corte. Tudo isso”, respondeu.

PIB de 3% e descolado do exterior

O presidente afirmou ainda que o PIB brasileiro em 2023 superará as expectativas do início do ano e defendeu que o Brasil faça um “check-up” para evitar que as turbulências internacionais afetem a economia nacional.

“Começou o ano com todo mundo dizendo: o Brasil não vai crescer nem um porcento. O Brasil pode crescer 3% esse ano e se tudo ajudar pode até quem sabe escorregar para 3% e alguma coisinha”, disse. “Eu estava dizendo para o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad: é por isso que inventaram o check-up, é para a gente evitar que a doença [economia mundial] se prolifere. Nós temos consciência do que está acontecendo na economia mundial e nós temos que atuar agora para evitar que aconteça o que pode acontecer.”

Lula disse que o governo não vai ficar “parado esperando que as notícias ruins aconteçam.

“É importante que a gente atue com antecedência, para a gente poder trabalhar e para fazer as coisas melhorarem”, afirmou.

Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.



Valorinveste

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo