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Citi eleva projeção para a Selic em 2024 e não vê mais juro de um dígito no horizonte | Moedas e Juros


O hiato do produto mais apertado, uma inflação mais persistente e juros globais mais altos provavelmente vão diminuir a extensão do ciclo de afrouxamento monetário no Brasil, aponta o Citi. Assim, economistas do banco americano revisaram a projeção de Selic no ano que vem de 9% para 10%, que deve ser alcançada em junho de 2024. “Consequentemente, não vemos mais a taxa Selic retornando à faixa de um dígito tão cedo”, apontam.

De acordo com o relatório assinado por Leonardo Porto e Paulo Lopes, acontecimentos nacionais e globais relevantes se materializaram desde o início de setembro, reduzindo ainda mais os graus de liberdade da política monetária.

Entre eles, a permanência da desancoragem das expectativas de inflação se materializou, à medida que a mediana das projeções de IPCA para 2025 e 2026 se mantêm estacionadas em 3,5% no Focus há 12 semanas. Além disso, os números do PIB brasileiro do segundo trimestre e do mercado de trabalho apontam para um hiato do produto mais apertado no país.

“Isso nos motivou, naquele momento [divulgação do PIB do 2º tri], a descartar qualquer intensificação dos cortes da taxa Selic até o final do ano. Desde então, a pesquisa de emprego de agosto mostrou um fortalecimento adicional no mercado de trabalho, com a taxa de desemprego retornando ao seu nível mais baixo desde o 2º trimestre de 2015, de 7,8%, em meio a um crescimento real dos salários de 4,6%. De modo geral, a evolução do mercado de trabalho continua a sustentar os custos unitários de mão de obra acima da média histórica, apontando para pressões inflacionárias à frente”, afirmam.

Eles também apontam que a desinflação de bens comercializáveis já chegou ao fim, enquanto a inflação de serviços deve se manter em patamares elevados por mais tempo.

Por fim, as taxas de juros mais altas nos países desenvolvidos reduzem ainda mais a flexibilidade do ciclo de cortes de juros. Os economistas apontam que desde a última reunião do Copom, em 18 de setembro, o rendimento de 10 anos do Tesouro dos EUA subiu para cerca de 4,7% (de 4,3%), enquanto o rendimento de 2 anos se manteve praticamente estável em 5,05%.

“Do ponto de vista do Brasil, um possível impacto desses rendimentos mais altos dos EUA e, consequentemente, do diferencial de taxa de juros mais baixo, é um real mais depreciado (3% desde a última reunião do Copom, de 4,90 para USD/BRL5,05). A moeda mais fraca implica pressões inflacionárias mais altas no futuro, especialmente considerando que os preços das commodities estão se mantendo elevados”, afirmam.

Assim, a perspectiva é de que o BC mantenha o ritmo do ciclo de cortes em 0,5 ponto percentual, o que deve levar a Selic aos 10% em junho de 2024 – uma projeção maior do que a esperada pela mediana do mercado, que está atualmente em 9% no Focus.

Conteúdo publicado no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

 — Foto: Getty Images
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