Bolsas da Europa fecham em queda com nova escalada de juros globais | Investimento no Exterior
As bolsas europeias encerraram o pregão de hoje (2) em queda firme, pressionadas pelos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) e dos títulos soberanos locais, que voltaram a subir após uma breve pausa no fim da semana passada.
O índice Stoxx 600, que compila ações de 17 mercados europeus, fechou em queda de 1,03%, a 445,59 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,91%, a 15.247,21 pontos, e em Paris, o CAC 40 cedeu 0,94%, a 7.068,16 pontos.
O desempenho do índice londrino FTSE 100 foi ainda mais negativo ao cair 1,28%, a 7.510,72 pontos. Por lá, o retorno do Gilt de 10 anos escalou mais de 10 pontos-base, a 4,569%, “após as revisões para cima do Produto Interno Bruto (PIB) [do Reino Unido] na semana passada, o que deixou com os investidores aparentemente preocupados com a possibilidade de o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) ter que aumentar os juros novamente até o final do ano”, explica Michael Hewson, analista-chefe da CMC Markets.
Para ele, uma nova alta de juros do BoE é improvável dado os “desafios” que a economia britânica deve enfrentar pelos próximos meses, como o recente aumento do petróleo e o enfraquecimento da libra.
Em outros mercados, o juro do Bund alemão de 10 anos subiu 8,2 pontos-base, a 2,927%, e o do OAT francês com o mesmo vencimento teve alta de 7,3 pontos-base, a 4,472%.
Jan Hatzius, economista-chefe do Goldman Sachs, acredita que a reprecificação dos mercados de ações aos juros globais elevados ficou para trás em sua maior parte. Além disso, o forte recuo do núcleo da inflação europeia deve permitir ao Banco Central Europeu (BCE) e ao BoE encerrar o ciclo de aperto monetário e cortar juros em 2024, o que sugere um melhor cenário europeu à frente, diz ele.
No entanto, Hatzius ressalta que há alguns riscos relacionados ao serviço da dívida da Itália, com o retorno do BTP – o título da dívida soberana do país – nos maiores níveis desde a crise de 2011 e 2012. “Se mantidos, os rendimentos nesse nível implicam que o ônus do serviço da dívida crescerá substancialmente nos próximos anos. Isso aumentaria ainda mais um déficit que já é consideravelmente maior em relação ao PIB do que antes da pandemia, tanto no geral quanto excluindo os pagamentos de juros”, alerta o economista-chefe do Goldman Sachs.
Conteúdo publicado no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.