O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed) decidiu manter os juros no intervalo entre 5,25% e 5,50%, mas sinalizou que poderá fazer mais um aumento ainda este ano. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (20/09), às 15h.
É a segunda vez consecutiva que o banco central americano não altera a taxa após dez aumentos seguidos desde março de 2022. Os juros, assim, permanecem no maior nível desde 2007.
A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado financeiro. Antes da decisão, a ferramenta FedWatch do CME Group projetava a probabilidade deste resultado na curva de juros dos EUA em 99%.
Com a atividade econômica mais forte do que o previsto, a maioria dos participantes do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) também espera que será necessário manter as taxas de juros perto do patamar atual durante 2024 – um nível restritivo de política monetária.
A atualização do Sumário de Projeções Econômicas (SEP) do Fomc mostrou que 12 membros do comitê esperam aumentos juros mais uma vez este ano, o mesmo número que viu este cenário em junho, na atualização anterior.
A mediana das projeções dos 19 participantes mostrou que a taxa dos Fed Funds seria reduzida para cerca de 5% até ao fim de 2024, implicando dois cortes no próximo ano, caso suba mais uma vez este ano, superando a estimativa de analistas que projetava alta (4,9% ao ano).
Houve também uma revisão mais forte do crescimento do PIB para 2023 e 2024, de 1% para 2,1% e 1,5% (de 1,1%), ligeiramente mais forte do que os analistas esperavam.
Já a taxa de desemprego deve cair mais moderadamente em relação a junho. A taxa de desemprego, que ficou em 3,8% em agosto, subiria para 4,1% em 2024, de 4,5% esperado em junho, mais forte do que os analistas antecipavam.
Em relação à inflação, a mediana para o núcleo, que exclui alimentos e energia, caiu para 3,7% no quarto trimestre, em comparação com 3,9% no SEP anterior. Os analistas antecipavam queda para 3,6%.
Para André Cordeiro, economista- sênior do Inter, as projeções sugerem que o cenário base do Fed não é mais de uma recessão para a economia americana e mostram uma divisão clara entre os membros do FOMC: 12 dirigentes do FED esperam mais um aumento de 0,25% esse ano, enquanto 7 esperam estabilidade.
Como resultado, a decisão ficou para a reunião de novembro. “Até lá a economia americana dará sinais mais claros de desaceleração e que o consenso do FOMC convergirá para a não necessidade de nova alta nos juros”.
Os analistas da gestora Órama reforçam essa visão e consideram que o aumento dos juros neste ano seja “pouco provável”. “Acreditamos que o Comitê mantenha os juros nesse patamar até, pelo menos, o 2º trimestre de 2024”.
Mas Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro Capital, conclui que a revisão de projeções da SEP analisa que o Fed demonstra uma postura de aumentar os juros (hawkish). “As revisões mostraram um cenário de mais crescimento, menor desemprego e maior juro do que os analistas anteciparam”.
Com informações do Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico
