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Ah, finalmente os refrescos! Ações de shoppings sobem em bloco com alívio na curva de juros | Empresas


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Boa notícia para os papéis de shoppings, que degustam de altas expressivas diante do alívio em toda a curva dos futuros de juros. Multiplan tem até motivos a mais para subir depois de ter reportado seus resultados de um primeiro trimestre que agradou gregos e troiano. Assim, o papel aparece entre as maiores altas do Ibovespa hoje.

Perto das 14h, Multiplan avançava 5,11%, a R$ 24,25. No setor de shoppings, Iguatemi vinha na sequência no mesmo horário, em alta de 4,72%, a R$ 21,29, e Allos não ficava muito para trás, com ganhos de 4,33%, a R$ 21,43.

 — Foto: Reprodução
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Fazia tempo que Brasil e EUA não se acertavam na sincronia. Se vinha boa notícia aqui, aprecia um mau sinal por lá, o que limitava (por vezes, impedia) o alívio na nossa curva de juros. Ou vice-versa: otimismo lá fora, mau humor com o cenário doméstico.

Mas isso é passado. Hoje, o mercado brasileiro está até mais esperançoso do que jamais esteve nesses últimos 30 dias sobre o destino da Selic em 2024. Deve cair meio ponto na próxima reunião do Banco Central (BC) do Brasil e, quem sabe, pode até ir para perto dos 9% ao ano, como se esperava até fevereiro. Mas esta segunda parte deixemos que o tempo responda.

Com a alta dos preços controlada por aqui, os shoppings são beneficiados triplamente:

  1. Primeiro, o bolso do brasileiro fica menos apertado, quer dizer, ele consegue comprar mais com o mesmo valor. Um ambiente mais propício ao consumo acaba estimulando ainda mais consumo, efeito do otimismo que toma o mercado. Resultado: corredores e lojas de shoppings mais movimentados. Mais receita para essas empresas.
  2. O segundo efeito é o de trazer alívio sobre o horizonte para os juros. Se as taxas tiverem mesmo mais espaço para cair, dois efeitos se desdobram sobre esse cenário: a) com crédito mais barato, consumidores têm acesso a produtos de tíquetes mais elevados e voltam a despejar seu dinheiro em lojas. De novo, estímulo ao consumo. Desta vez, o comércio mais capitalizado volta a expandir, abrir loja e, os que saíram dos shoppings podem voltar aos centros de compras. b) o segundo efeito dos juros mais baixos é financeiro. O serviço da dívida diminui com as taxas menores, o que significa que essas empresas donas de redes de shoppings conseguem reduzir sua alavancagem e elevar as margens.

Ganhos para todos os lados. Ao menos por hoje, os papéis de negócios cíclicos e dependentes do consumo doméstico desfrutam seus refrescos.

E sobre os resultados da Multiplan, hein?

Não teve analista que discordasse hoje: os resultados da Multiplan no primeiro trimestre de 2024 superaram as expectativas. Sobra otimismo para o ano da companhia, ainda que uma ressalva ou outra seja feita sobre os resultados das receitas com aluguéis – o que, para alguns, já era esperado.

As equipes de analistas todas trazem recomendação de compra para a ação, o que adiciona tração à alta da Multiplan na bolsa hoje. Então vamos aos relatórios!

A Multiplan mostrou bons resultados financeiros no primeiro trimestre, superando expectativas, conseguindo contornar a desaceleração nos aluguéis no início do ano, diz o J.P. Morgan.

Os analistas liderados por Marcelo Motta escrevem que as receitas de R$ 518 milhões superaram em 6% as estimativas, por conta de melhor desempenho no faturamento de serviços e de aplicativos.

O banco destaca que o crescimento das receitas vindas de aluguéis foi baixa, como esperado, como o IGP-M reduzido no primeiro trimestre. Isso ajudou a empresa a manter taxa de ocupação elevada.

O J.P. Morgan tem recomendação de compra para Multiplan, com preço-alvo em R$ 32. Há pouco, as ações subiam 5,50%, cotadas em R$ 24,34.

A Multiplan reportou um conjunto forte de resultado no primeiro trimestre, com vendas robustas dos lojistas levando a uma queda nos custos de ocupação, e com fluxo de caixa de operações 18% acima das estimativas, apesar da receita de aluguel sob pressão, diz a XP.

Os analistas Ygor Altero e Ruan Argenton destacam, em relatório, que as vendas dos lojistas atingiram R$ 5,1 bilhões, um nível recorde para o primeiro trimestre e acima das expectativas de um dígito alto. Isso levou a uma diluição dos custos de ocupação, atingindo 14%, dizem eles.

Segundo os analistas, a receita de aluguel cresceu apenas 1% em base anual e veio 3% abaixo da expectativa, afetada pela pressão esperada do efeito do ajuste do IGP-DI. Já a receita líquida veio 4% acima da projeção, impulsionada por impactos não recorrentes das parcerias do aplicativo Multi, bem como receitas fortes de estacionamento.

Por fim, os analistas destacam que o fluxo de caixa de operações foi apoiado por incentivos fiscais da distribuição de juros sob capital próprio e menores despesas financeiras, que apoiaram uma desalavancagem robusta.

A XP tem recomendação de compra para Multiplan, com preço-alvo de R$ 35. Há pouco, as ações subiam 3,21% na B3, cotadas a R$ 23,81.

A Multiplan apresentou resultados robustos, superando a estimativa de fluxo de caixa de operações em 30%, apoiados pelas receitas do aplicativo Multi, melhores resultados financeiros e menores impostos, e as discussões tributárias devem voltar ao centro das atenções, diz o Itaú BBA.

Os analistas Daniel Gasparete, André Dibe e equipe escrevem, em relatório, que os números operacionais sustentaram um ritmo forte, com aumento de 10,6% em base anual nas vendas de lojistas, melhor inadimplência líquida em 1,2% e maior taxa de ocupação, em 95,7%. Já a receita líquida veio 6% acima do esperado, com a monetização do aplicativo Multi, dizem.

Segundo eles, as discussões tributárias devem voltar ao foco, e sua análise preliminar sugere que a nova regulamentação poderia implicar em queda de 10% no fluxo de caixa de operações. Os analistas destacam ainda a falta de visibilidade sobre o cálculo da redução tributária e a probabilidade de revisões da proposta.

O Itaú BBA tem recomendação de compra para Multiplan, com preço-alvo de R$ 32. Há pouco, as ações subiam 4,94%, cotadas a R$ 24,21.

A Multiplan reportou resultados do primeiro trimestre de 2024 melhores do que o esperado, afirmou o Santander.

Os analistas do banco escrevem que os números foram apoiados pelo crescimento do aluguel em mesmas lojas de 3,5% em relação ao ano anterior; expansão das vendas em mesmas lojas de 8,6% em relação ao ano anterior, contribuindo para custos de ocupação de 14%; continuação da recuperação da taxa de ocupação, que atingiu 95,7% no trimestre; e taxa saudável de inadimplência líquida de 1,2%.

“Além disso, é importante destacar que, pela primeira vez, a Multiplan divulgou ao mercado o potencial de novas fontes de receita vindas do Multiapp — não incluídas em nossas estimativas”, escrevem.

O banco ainda considera que a companhia apresenta um balanço patrimonial forte e qualidade diferenciada dos ativos e, portanto, poder de negociação com varejistas.

O Santander tem recomendação de compra para a Multiplan, com preço-alvo a R$ 36. Há pouco, os papéis subiam 6,1% na B3, cotados a R$ 24,48.

A Multiplan reportou resultados mistos no primeiro trimestre deste ano, com a receita de aluguéis 2% abaixo das expectativas impulsionada pelo efeito negativo do índice de inflação, o que foi mitigado pelo avanço na linha de outras receitas, diz o Goldman Sachs.

A receita líquida de R$ 524 milhões superou as estimativas de R$ 471 milhões impulsionado em parte pela linha outras receitas em R$ 34 milhões, o que é cinco vezes maior que no primeiro trimestre de 2023 devido ao aplicativo Multi, ainda que seja não recorrente, escreve o analista Jorel Guilloty, em relatório.

Segundo ele, o fluxo de caixa de operações foi superior ao esperado, já que a Multiplan reportou resultados financeiros melhores e impostos menores. Ele ressalta que o impacto da inflação nos aluguéis combinado com o crescimento saudável das vendas, de 8,6% no conceito mesmas lojas, impactou o custo de ocupação, que caiu para 14% e pode abrir espaço para o crescimento futuro dos aluguéis para a empresa.

O Goldman Sachs tem recomendação de compra para Multiplan, com preço-alvo de R$ 34, potencial de alta de 47% ante o fechamento de ontem na B3.

Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.

refrescos — Foto: Getty Images
refrescos — Foto: Getty Images



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