‘Ruídos’ nos âmbitos fiscal e monetário levaram a pausa nos cortes da Selic, diz Campos Neto | Moedas e Juros
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a interrupção do ciclo de cortes da Selic teve como uma das justificativas a existência de “alguns ruídos”. Campos Neto participou do Fórum do Banco Central Europeu em SintraPortugal, e afirmou que os ruídos são relacionados a dois canais: o de expectativas quanto às políticas fiscal e monetária.
As falas aconteceram momentos após o presidente Lula voltar a falar da importância da autonomia do Banco Central e questionar a existência de um “viés político” na postura de Campos Neto.
“Quando há os dois (ruídos) ao mesmo tempo, há incerteza suficiente para interromper o ciclo”, afirmou Campos Neto. O presidente do BC disse que é preciso “ver como arrumar o canal e comunicar melhor para eliminar os ruídos”.
Campos Neto ainda falou sobre a saída dos estrangeiros dos países emergentes (o que acaba impactando o câmbio e o mercado como um todo). Para ele, isso tem a ver com os juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos.
Isso acontece porque os títulos americanos são considerados os ativos mais seguros do mundo. Portanto, se os juros por lá estão altos, o rendimento desses títulos também sobe e muitos investidores preferem alocar no tesouro americano, garantindo uma rentabilidade atrativa e também segurança.
Em suas falas, o mandatário do BC também abordou as divergências com Lula. Campos neto afirmou que “o presidente do Banco Central tem que sair da arena política”.
“Essa narrativa que o BC tem sido político, acho que temos que sair disso e explicar o que estamos fazendo”, afirmou. “Precisamos separar o que é narrativa política e o que é trabalho técnico”.
Campos Neto afirmou que, nas últimas semanas, aumentaram as incertezas a respeito do que acontecerá no próximo mandato do BC. É importante destacar que o comando de Campos Neto chega ao fim no final deste ano. Com ele, saem também dois diretores da autoridade monetária. Os nomes que entrarão no lugar dos três serão apontados pelo presidente Lula.
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