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Lula volta a levantar dúvidas sobre futuro da autonomia do BC | Brasil e Política


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a autonomia do Banco Central (BC), nesta segunda-feira (1º). Em entrevista a uma rádio baiana, Lula afirmou que o presidente do BC deveria ser indicado pelo presidente da República e que não se pode ter no comando do órgão alguém que “não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação”.

“Quem quer o Banco Central independente é o mercado, que faz parte do Copom, que determina meta de inflação, que determina política de juros. Eu tive um BC independente. O [Henrique] Meirelles ficou oito anos no meu governo como presidente do BC e teve total independência para fazer os ajustes que precisasse”, disse Lula, em entrevista à Rádio Princesa.

Presidente Lula — Foto: CRISTIANO MARIZ/Agência O Globo
Presidente Lula — Foto: CRISTIANO MARIZ/Agência O Globo

“O que você não pode é ter um BC que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Nós não precisamos ter política de juros alto nesse governo. A taxa Selic a 10,5% está exagerada. A responsabilidade é uma coisa que a gente preza muito”, declarou Lula.

Lula reclamou de estar há dois anos no cargo com Roberto Campos Neto no comando do BC, que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O petista não citou Campos Neto nominalmente, dizendo que “foi indicado um cidadão no governo passado”.

Ainda assim, o presidente da República disse que precisa ter paciência até a troca no comando do BC no final do ano.

“O BC tem que ser um BC de uma pessoa indicada pelo presidente. Como pode o presidente da República ganhar as eleições e não poder indicar o presidente do BC. Eu estou há dois anos com o presidente do BC do Bolsonaro. Não é correto isso”, reclamou.

Lula defendeu um presidente do BC que “olhe o país do jeito que ele é, não do jeito que o mercado financeiro olha”.

Ele afirmou, ainda, que a inflação baixa para ele não é apenas um desejo, e sim uma “obsessão”. “Porque eu sei que quanto mais baixa a inflação, mais o trabalhador tem poder aquisitivo, mais o dinheiro dele vai render.”

“Isso não é programa de governo, isso é uma profissão de fé que eu carrego, a inflação tem que ser baixa, o governo precisa gastar corretamente, precisa fazer coisas para que sobre dinheiro para investimento”, reforçou.

Conteúdo publicado no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.



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