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Ibovespa fecha primeira semana em alta desde maio e volta aos 121 mil pontos | Bolsas e índices


Nesta sexta (21), o Ibovespa salvou sua primeira semana de ganhos depois de quatro semanas seguidas de perdas. Tudo bem, não foi um saldo de fazer o coração do investidor de bolsa bater mais forte, mas é algum avanço. Aliás, o maior do índice numa sessão desde o dia 6 de junho.

Ainda mais se considerarmos que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou mais dois ataques ao Banco Central (BC) hoje. Mas também não trouxe nada novo em relação às críticas que veio fazendo nos últimos dois dias.

Então o mercado deu de ombros às falas do chefe do Planalto.

  • A ponto de o Ibovespa ter emendado seu quarto pregão seguido em alta, com ganho de 0,74%. Fechou hoje nos 121.341 pontos, patamar abandonado em 11 de junho e recuperado agora, 10 dias depois. O índice acumulou 1,4% de ganhos na semana. No mês, ainda tem queda, de 0,62%. No ano, cai 9,57%.

Até o dólar, que vinha tão sensível ao cenário externo e ao conflito doméstico entre Lula e o BC, hoje tornou a cair.

Mas não foi só um otimismo destravado pela votação unânime do Copom na última quarta que sustentou o índice.

Hoje foi dia de vencimento de opções sobre ações, o que ajudou a movimentar o Ibovespa. Este tipo de contrato determina um preço para a ação-alvo e tem prazo máximo para que o detentor exerça seu direito de compra ou venda. Ou seja, que ainda tinha o derivativo precisou liquidá-lo hoje.

Geralmente, a terceira sexta-feira de cada mês é a data em que vencem esses derivativos. As opções sobre ações foram criadas como forma de mitigar riscos de oscilação de preço, por fixar um valor de venda ou de compra de um ativo para um período à frente.

Para exercer o direito de compra, fixa um valor no futuro abaixo do que projeta para o ativo, para o direito de venda, a lógica é inversa. Por isso, as opções sobre ações acabam servindo a estratégias especulativas também.

E a bolsa brasileira virou um terreno fértil para especuladores.

A volta por cima do Ibovespa

Desde o período de 13 a 17 de maio, ou seja, há mais de um mês que o Ibovespa não conseguia sustentar alta numa semana. O que acontece é que a nossa bolsa está muito sensível a fatores macroeconômicos, independentemente do fundamento das empresas.

Então as ações brasileiras acabam se movimentando em bloco, conforme o panorama muda. E este movimento pressiona o Ibovespa. Quer dizer, à exceção de novidades sobre Vale e Petrobras, cujos papéis têm peso suficiente para carregar o índice praticamente sozinhas, o índice está sempre à mercê do noticiário econômico.

Mas a agenda econômica estava praticamente vazia hoje. Com isso, as empresas conseguiram brilhar. Em partes…

A Cogna, companhia do setor de educação privada, é uma companhia sensível aos juros, prejudicada pela manutenção da Selic nos 10,5% ao ano. O ambiente de restrição à circulação do capital não só encarece a dívida da empresa, que estava em quase R$ 3,3 bilhões em 30 de março, como pressiona o bolso dos consumidores. Ou seja, afeta suas receitas e eleva seus custos.

Mas não só as dela. Varejistas, construtoras, bancos e empresas de logística também são mais afetadas por um cenário de juros em campo restritivo por tanto tempo.

E todas tiveram um alívio hoje com a correção majoritariamente baixista na curva dos futuros de juros. O que tem acontecido por aqui é basicamente a correção pela “retirada” do prêmio de risco que o mercado havia embutido nas taxas, pela perspectiva de um cenário preocupante para a política monetária.

Então, mesmo numa semana em que o Copom soltou um comunicado “duro” e deu adeus aos cortes na Selic, as taxas de juros reajustaram para baixo, e o Ibovespa subiu.

O futuro do Banco Central

Já era sabido que o comitê decidiria por manter a Selic nos 10,5% ao ano. Como manteve. A maioria dos investidores apostava que fosse dado por encerrado o ciclo de cortes nos juros. Como foi – pelo menos no horizonte relevante.

A expectativa era o resultado da votação. Ou seja, o caminho importava mais que o destino. E o adotado pelo Copom foi o da unanimidade. Assim o mercado respirou aliviado.

Os quatro diretores do comitê indicados pelo atual governo se alinharam ao presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, na votação de junho. Para o mercado, o entendimento foi de que esses executivos priorizaram a avaliação técnica, dando de ombros à pressão política.

Agora, o mercado já consegue começar a se preocupar com os próximos problemas.

Por exemplo: quem será o indicado de Lula para a presidência do BC? O nome de Gabriel Galípolo está ganhando força.

Para começar, o diretor não saiu queimado da última votação do Copom. Nos bastidores, o Planalto tem demonstrado compreensão de que uma dissidência comprometeria sua candidatura à sucessão de Campos Neto.

Galípolo também é um dos diretores ligados ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Assim, é um nome a contento de uma ala do governo e até do mercado, visto a recepção que se tem dos rumores sobre seu fortalecimento na corrida.

Mas o PT parece ainda considerar outros nomes, conforme apurou o Valor.

Nesse cabo de guerra, Lula tem em conta a popularidade do seu governo, que pode ser afetada pelos efeitos da política monetária em campo restritivo por tanto tempo – como ele mostra se preocupar.

Certo é que nenhuma vitória é garantida em ano eleitoral – nem a política, nem a econômica.

Alta — Foto: Getty images
Alta — Foto: Getty images



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