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Vale ter Tesouro IPCA+ de longo prazo ou ficar no Tesouro Selic com cenário para inflação e juros? | Tesouro Direto


Se ao fim de 2024 teremos mais juros e menos inflação, é natural que os títulos públicos embutam nas taxas esse cenário — traçado pelo último Boletim Focus, do Banco Central (BC), publicado nesta segunda-feira (6). Prova disso é que, nos últimos dias, os juros dos papéis atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) têm disparado, chegando a patamares vistos no ano passado.

Segundo o Focus, a expectativa para a inflação saiu de 3,73% para 3,72%. Para 2025, por outro lado, a previsão saiu de 3,60% para 3,64%. Já para 2026, a projeção continua em 3,50%, assim como na semana passada.

A meta de inflação perseguida pelo Banco Central é de 3% para 2024 e 2025, sempre com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Para a Selic, a taxa básica de juros, a mediana das expectativas voltou a subir nesta semana. A expectativa saiu de 9,50% para 9,63% no fim de 2024. A previsão de 2025 continuou igual nas semanas anteriores, em 9%. Para 2026, no entanto, a expectativa voltou a subir e saiu de 8,63% para 8,75%.

Justamente nestes momentos de queda nos juros que a marcação a mercado (colocar na carteira o preço que os títulos estão valendo naquele momento) acaba sendo positiva para quem entrou em taxas mais altas nesses títulos, como Tesouro Prefixado e IPCA. O ponto de atenção nestes momentos é a oscilação das taxas.

Resposta está no ano que vem

Os juros têm um período de latência para que seja sentido na inflação. Uma decisão tomada hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom) tem resultados visíveis sobre o índice de preços apenas alguns meses depois. Por isso é natural que o BC dê relevância a 2025 no chamado “horizonte relevante da política monetária“.

Assim, a alta das expectativas para a inflação de 2025 acabam se sobrepondo à queda para 2024. Dentro do racional da autoridade monetária, portanto, pode fazer sentido evitar uma queda tão grande da Selic, mesmo com um curtíssimo prazo com inflação menor do que se pensava.

Vale ter Tesouro IPCA+ de longo prazo ou ficar no Tesouro Selic?

Para Marcelo d’Agosto, consultor financeiro, comentarista da CBN e blogueiro do Valor Investe, o que não vale é ficar numa aplicação atrelada à inflação com vencimento em até três anos, seja Tesouro IPCA ou CDB de banco.

“Porque a sinalização é que a diferença entre juros e inflação vai ficar alta nesse período de prazo mais curto. Se a pessoa puder investir por pelo menos cinco anos, acho que vale a pena o Tesouro IPCA (ou Renda+ ou Educa+). A decisão é mais para que prazo a pessoa pode investir”.

Na mesma linha, o estrategista de investimentos do Santander, Arley Junior, é otimista quanto a ambos os títulos, mas para prazos distintos. “Para o curto prazo, dado que o cenário ainda é de juros mais altos, o Tesouro Selic tem uma boa atratividade e pode ter a função também de equilibrar o risco da carteira. Agora, pensando no patamar do juro real de hoje (na casa dos 6% ao ano) enxergamos nos títulos do Tesouro IPCA+ um prêmio atrativo, mas para prazos mais longos“.

O analista sugere que os clientes que possuem títulos de inflação a vencer este ano alonguem o prazo, para algo em torno de 2032 a 2035. “Um ponto que vale ressaltar é que o alongamento desses títulos aumenta razoavelmente o risco do portfólio, então é sempre válido conversar com um especialista ou assessor para que o investidor se mantenha enquadrado em seu perfil de risco. O risco destes títulos mais longos é considerável; por isso, recomendamos cautela no volume de aplicação”.

 — Foto: Getty Images
— Foto: Getty Images



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