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Taxação de ricos, juros, meta de inflação: veja destaques da fala de Campos Neto à Câmara | Moedas e Juros


O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, responde parlamentares em audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (27). Entre os destaques da sua fala, o dirigente da entidade monetária se disse a favor de taxação dos super-ricos e descartou candidatura para cargo político.

Em outro momento emblemático de sua fala, Campos Neto, que está desde as 10h da manhã em audiência pública, também defendeu que o BC não tivesse voto em decisão sobre a meta inflacionária no Conselho Monetário Nacional (CMN). Veja os destaques.

Brazil's Central Bank President Campos Neto  — Foto: Ton Molina/Bloomberg
Brazil’s Central Bank President Campos Neto — Foto: Ton Molina/Bloomberg

Futuro da política monetária

O presidente do BC reforçou que o processo de desinflação “está em curso”, mas que ainda requer uma política monetária restritiva.

“A principal mensagem aqui é falar sobre o que a gente chama de pouso suave, que é baixar a inflação com o mínimo de custo possível”, afirmou. Segundo ele, a média da taxa de juros brasileira está em trajetória de queda em relação ao padrão histórico.

Campos também defendeu o regime de metas para inflação e disse que o sistema reduz a inflação e o custo de trazer os preços para baixo.

“A gente olha também as expectativas de inflação. Por que a gente olha as expectativas? Talvez seja uma das coisas mais difíceis de se explicar. Porque um movimento de juros hoje leva um tempo para fazer efeito”, ressaltou. “A expectativa gera a própria inflação, quando as pessoas acham que a inflação vai aumentar, elas reajustam os preços”, complementou.

Campos disse que o BC começou a olhar expectativas de consumidores, “que são até mais altas” que as do mercado financeiro.

Voto do BC na meta de inflação

Sobre o regime de metas para inflação, Campos Neto disse ser a favor de que o presidente do BC não tenha voto sobre o tema no CMN. “Na minha opinião o BC não deveria ter voto na meta, mas a regra é essa”, defendeu.

“A gente gostaria de ter os juros mais baixos possíveis; BC não faz dívida, quem faz é o governo”, comentou.

Campos ressaltou que deveria ser debatido o que aconteceria se a dívida pública caísse e disse que os juros seriam menores. O presidente do BC destacou que “melhorias estruturais” na economia geram queda do juro neutro, que é aquele que nem acelera nem desacelera a economia. “A estimativa do BC é 4,5%, do mercado é 5,5%”, lembrou.

Taxação dos super-ricos e silêncio sobre fundo exclusivo

Campos Neto foi alvo de provocações de parlamentares durante audiência pública. Ao ser questionado sobre a taxação dos super-ricos, disse ser a favor da medida. “Sou a favor da arrecadação do fundo exclusivo, sou a favor da arrecadação do offshore. Aliás, diga-se de passagem, no governo anterior tinha um projeto de offshore que a gente quis fazer”, lembrou. “A gente queria fazer a taxação das offshore e eu achava que alíquota tinha de ser mais alta. Eu pedi que fosse 10%, achei que 10% era razoável. Eu inclusive acho 6% baixo. Deixo aqui minha opinião”, complementou.

Campos disse que tinha uma preocupação com “a erosão de base”. “Essa é uma preocupação que mencionei tanto na parte de fundo exclusivo, mas fui a favor nos dois casos de ter alíquota mais alta.”

Sob provocações do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), Campos disse ter offhores declaradas e disse que isso “já foi resolvido” em todas as instâncias. Questionado sobre ter fundo exclusivo, contudo, não respondeu.

Mudança de postura do Copom?

Questionado se o BC mudou a postura em relação ao fiscal no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele pontuou que “todas as atas do Copom citam o fiscal” e disse que o então ministro da Economia, Paulo Guedes, “brigava”. “As atas falavam mais do fiscal do que agora”, acrescentou.

Ele negou ter participado da campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse não conhecer seu marqueteiro. Sobre uma reunião com então presidente em dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), Campos afirmou que o assunto foi Plano Safra e disse que se Lula pedir um encontro “a qualquer momento” ele irá.

Campos enfatizou, ainda, que nunca fez pesquisa para campanha de Bolsonaro. “Reunião com presidente é super importante, se o presidente Lula me chamar a qualquer momento para reunião eu irei, antes ou depois do Copom. Aquela reunião [com Bolsonaro em dia de Copom] era sobre Plano Safra. Inclusive hoje eu tenho uma reunião com o presidente Lula”, disse.

Este é o segundo encontro do titular da autoridade monetária com o presidente Lula. O primeiro foi realizado no período de transição de governo, no fim do ano passado.

Campos Neto garantiu que não será candidato a cargo político quando terminar seu mandato e que voltará “ao mundo privado”.

“Não sou [filiado a partido], não sou candidato a nada e não serei. No fim do meu mandato voltarei ao mundo privado”, enfatizou.

Ele disse ter sido a favor de incluir no projeto de autonomia do BC que o presidente não ocupasse cargo político por dois anos.

Com informações do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.



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