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Otimismo dos gestores de fundos multimercados com bolsa diminui pelo segundo mês seguido | Hora de Investir


Os gestores de fundos multimercados diminuíram o otimismo com as ações brasileiras pelo segundo mês consecutivo em outubro, conforme um estudo da casa de análises financeiras Empiricus feito com 43 gestoras de recursos.

A casa perguntou aos gestores nos primeiros dias deste mês se eles estavam muito otimistas, otimistas, neutros, pessimistas ou muito pessimistas com ativos brasileiros diversos. Boa parte dos gestores ainda está otimista com a bolsa, mas a expectativa foi reduzida.

Em relação aos juros, a maioria dos gestores ainda está otimista também e a perspectiva melhorou para os juros nominais (que não descontam a inflação), mas piorou para os juros reais (que descontam a inflação).

Como diz o nome, os fundos multimercados diversificam as carteiras em diferentes classes de ativos, como ações, commodities, juros e moedas, no Brasil e no exterior, o que significa que eles têm maior liberdade para aumentar ou diminuir exposição à bolsa, por exemplo. O desempenho deles depende da capacidade de interpretar o cenário e a direção para onde os mercados estão indo e se antecipar, fazendo movimentações.

A Empiricus ainda questionou se os gestores estavam muito otimistas, otimistas, neutros, pessimistas ou muito pessimistas com o crescimento da economia, a inflação e as contas do governo. Boa parte dos investidores está otimista com o crescimento da economia e a inflação, mas pessimista em relação às contas públicas. Em relação ao mês anterior, a expectativa para o crescimento da economia e a inflação piorou (de muito otimista em setembro para otimista agora). Já com relação ao cenário fiscal, a expectativa melhorou (de muito pessimista para pessimista).

O Ibovespa está no zero a zero em outubro e acumula alta ao redor de 6% em 2023. Os gestores avaliam que o ambiente externo, especialmente ligado às taxas de juros norte-americanas, andam guiando a performance dos ativos brasileiros.

No Brasil, a inflação continua desacelerando. Contudo, os dados de emprego estão resilientes, o que significa risco para a inflação. O Banco Central continuou diminuindo a Selic, atualmente em 12,75% ao ano, mas os juros futuros apontam que os gestores estão aumentando as expectativas para os juros, refletindo as previsões para os juros nos Estados Unidos.

O cenário das contas do governo é um alerta, porque os investidores não acreditam que a meta fiscal de 2024 será cumprida. Nesse contexto, ganhou força o debate sobre alterações na meta. Ainda que isso tenha sido descartado pela equipe econômica, a credibilidade do governo foi reduzida. Além disso, continuaram as discussões sobre a tributação de fundos exclusivos e offshore (com ativos no exterior), para aumentar a arrecadação do governo.

Os gestores de fundos multimercados aumentaram o pessimismo com as ações norte-americanas em outubro, apontou o estudo da casa de análises financeiras Empiricus. Além disso, as expectativas pioraram para o crescimento da economia, a inflação e as contas do governo nos Estados Unidos.

O S&P 500, indicador de referência das ações de Nova York, acumula alta ao redor de 2% em outubro e avançou em torno de 14% em 2023. O aumento dos juros dos títulos públicos dos EUA anda sendo um dos assuntos importantes entre os gestores e a força motivadora do movimento dos mercados no mundo nos últimos dois meses.

Nos Estados Unidos, a atividade econômica continua extremamente resiliente e o mercado de trabalho está bastante aquecido, até em um ambiente de elevação de juros. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manteve a taxa entre 5,25% e 5,50% no encontro mais recente.

Depois, a autoridade monetária adotou uma postura mais agressiva e indicou a possibilidade de uma alta de juros em 2023. Essa comunicação tem fortalecido o dólar e prejudicado as ações. Além disso, a dívida dos EUA saltou e o Congresso aprovou uma proposta para estender o financiamento do governo.

Na Europa, o Banco Central Europeu aumentou os juros em 0,25 ponto percentual, para 4% ao ano, surpreendendo os gestores. A autoridade monetária europeia adotou um tom conservador, enfatizando que os juros devem continuar altos por um período prolongado, até a inflação alcançar a meta de 2%. A inflação está desacelerando e os investidores entendem que dificilmente o Banco Central Europeu aumentará juros novamente.

Na China, a atividade econômica continua fraca, apesar dos estímulos. Além disso, a alta do petróleo é um risco relevante no cenário atual, que pode dificultar o trabalho dos bancos centrais para combater a inflação.

O que os gestores fizeram

Em sua carta mais recente, a gestora Verde, de Luis Stuhlberger, afirmou que alocou em juros reais no Brasil e diminuiu a exposição a ações no Brasil e no exterior. A casa disse que a alta significativa das taxas de longo prazo dos títulos dos Estados Unidos “impactou todas as classes de ativos e forçou reavaliações de cenário e portfólio.”

A gestora acrescentou que o cenário fundamental no Brasil não mudou, mas que as condições globais impuseram restrições mais fortes.

Já a gestora Legacy afirmou em sua carta mais recente que diminuiu parcialmente as posições aplicadas em renda fixa. A casa diz que as moedas sofreram menos do que os juros futuros ao longo das últimas semanas, tornando atrativas posições aplicadas em juros combinadas à compra de dólar. A gestora ainda manteve a posição comprada em bolsa local, tendo em vista o preço favorável.

“O momento pede uma reflexão a respeito das consequências dos movimentos de abertura de juros e aumento do preço do petróleo sobre o cenário macroeconômico global”, afirma.

“Ambos os fatores representam um aperto nas condições financeiras. Drenam renda dos consumidores, deixando uma parcela menor disponível para o consumo. Encarecem a estrutura de custos da maior parte das empresas, e diminuem o retorno esperado de seus projetos. Contribuem, de forma inequívoca, para a desaceleração da economia“, diz.

 — Foto: GettyImages
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