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Mercado reduz apostas na valorização do real após inflação forte dos EUA | Moedas e Juros


O susto tomado pelos investidores com a inflação ao consumidor muito acima do esperado nos Estados Unidos ainda se reflete no comportamento dos participantes do mercado. A visão de um dólar mais forte, inclusive no mercado doméstico, predominou, o que levou o mercado a reduzir de forma significativa apostas favoráveis ao real e a elevar a cautela com a classe de ativos de países emergentes como um todo.

De acordo com dados da B3, somente na sessão de ontem o investidor estrangeiro elevou sua posição comprada em dólar via derivativos (dólar futuro, cupom cambial, swap cambial e dólar mini) em expressivos US$ 3,1 bilhões.

Também ontem, o investidor institucional doméstico reduziu a posição vendida em dólar em US$ 712,8 milhões. Desde o pico em janeiro, os fundos locais reduziram a aposta favorável ao real em cerca de US$ 10 bilhões, um volume bastante significativo e que indica uma confiança menor em torno de uma valorização da moeda brasileira à frente.

O Citi foi uma das casas a encerrar a aposta na apreciação do real, após sofrer perdas diante da alta do dólar após a inflação americana. “Uma tendência consistentemente forte da inflação [nos EUA] aumenta a probabilidade de os dirigentes do Fed não terem confiança para cortar os juros em junho”, notam os estrategistas do Citi. Eles, além disso, observam que o mau desempenho do real pode ser exacerbado pelos riscos fiscais e pelo fluxo de notícias sobre os dividendos da Petrobras, que ainda não foram totalmente resolvidos.

Além de encerrarem a posição no real, os estrategistas do Citi também fecharam a recomendação “overweight” (acima da média) que a moeda brasileira tinha na carteira de renda fixa de mercados emergentes do banco. Agora, o real volta a ter uma recomendação neutra nesse portfólio.

A desconfiança dos agentes, porém, se dá em toda a classe de mercados emergentes. “Os dados de inflação dos EUA são suficientes para nos afastarmos dos mercados emergentes, que têm sido resistentes resilientes à reprecificação dos juros até agora, mas que provavelmente não serão capazes de resistir a uma reavaliação mais ampla da postura do Fed, [banco central americano]”, avaliam os estrategistas do J.P. Morgan em nota enviada a clientes.

Para eles, o crescimento global mais forte e o processo de desinflação nos mercados emergentes “são compensações importantes, mas, no curto prazo, não são suficientes” para uma recuperação mais ampla dessa classe.

Assim, o J.P. Morgan reduziu o risco na renda fixa em moeda local dos mercados emergentes, ao cortar a recomendação dessa classe de ativos de “overweight” para “market-weight” (desempenho alinhado ao mercado). A mesma sinalização ocorreu nas moedas emergentes, que passaram de “overweight” para “market-weight” na classificação do banco americano.

Conteúdo publicado no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

real dinheiro cédula — Foto:  Joel santana Joelfotos / Pixabay
real dinheiro cédula — Foto: Joel santana Joelfotos / Pixabay



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