Ibovespa sobe entre especulações sobre juros no Brasil e nos EUA | Bolsas e índices

Que vão cair no Brasil, ninguém duvida. A incerteza passa pelos detalhes. Caem até que nível? Em que velocidade? Nos Estados Unidos, é dada a proximidade do fim das altas. Se é que o fim já não chegou. Se não for o caso, sobem só mais um pouquinho. Ou seja, lá e cá, a especulação sobre política monetária passa por um digito a mais ou a menos. Está no campo dos detalhes.

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Dito isso, detalhes importam. Ainda mais quando são aquilo que resta para investidores especularem. Assim sendo, a uma semana de reuniões de juros no Brasil e nos Estados Unidos, foi em meio a esses pormenores que, timidamente, o apetite ao risco prevaleceu nesta quarta-feira (13).

• O Ibovespa, principal índice da bolsa do Brasil, subiu 0,18%, a 118.176 pontos. Já são três altas na semana, com ganhos acumulados de 2,48%. Em setembro, alta parcial de 2,10%. No ano, de 7,69%.

• A carteira teórica mais famosa do Brasil girou R$ 17 bilhões, 19% abaixo da média dos últimos 12 meses.

• Das 86 ações, 45 subiram.

• O preço do dólar caiu 0,71%, a R$ 4,92. Na semana, 1,31% até aqui. A queda acumulada em setembro está em 0,67%. Em 2023, queda de 6,85%.

O alívio com o IPCA de agosto segue fazendo preço. Uma possível aceleração dos cortes da Selic voltou a fazer a cabeça da turma. Não para agora. Segue de pé a aposta em novo corte de meio ponto, a 12,75% ao ano. Mas o mercado se antecipa. E, desde já, preços dos ativos passaram a embutir de volta a possibilidade de cortes de 0,75 ponto para daqui alguns meses.

Recapitulando, responde pela animação do mercado a inflação de 0,23% do mês passado, menor que a mais otimista das apostas. De quebra, preços de serviços seguem desacelerando. É o melhor dos mundo. O custo de vida segue esfriando sob pressão dos juros, mas nem por isso o PIB deixou de vir três vezes mais quente que o esperado no segundo trimestre.

Alheia às dúvidas sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos, a curva de juros futuros nacional fechou em baixa de ponta a ponta:

• Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. Taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caíram de 10,44% a 10,38%;
• Já para janeiro de 2033, de 11,29% a 11,25%. Quão mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).

A ver, no entanto, se o banco central americano (Federal Reserve, o Fed) não será obstáculo à bonança brasileira.

Dados de inflação divulgados nos Estados Unidos nesta quarta trouxeram alívio no curto prazo, mas nem tanto para o futuro. Um novo aperto nos juros parece descartado na próxima quarta. Veio dentro do esperado a alta 0,6% do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em agosto. Por outro lado, parece cedo para se descartar mais juros nos próximos meses. Surpreendeu para pior o ritmo do “núcleo” de inflação, que exclui preços mais voláteis e pouco sensíveis à política monetária.

Mas cada dia com a sua agonia. Por ora, prevaleceu o apetite ao risco de curto prazo. Afinal, se eventual nova alta de juros nos Estados Unidos ficar só para depois, periga até mesmo ser descartada caso a inflação americana passe a jogar a favor.