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Ibovespa chega à metade de maio com quase 2% de alta. Mas como? | Bolsas e índices


  • Apesar da queda da Petrobras que desacelerou hoje, o Ibovespa conseguiu voltar ao terreno positivo, pela terceira vez esta semana, com alta de 0,20% nesta quinta-feira, aos 128.284 pontos. Na semana, retém valorização de 0,54%. Confira mais detalhes do pregão aqui.

Da mesma forma que as incertezas no exterior (quando vão cair os juros nos Estados Unidos? A economia chinesa ganhará pressão?), melaram as negociações em janeiro, março e abril, são também os alívios lá de fora que sustentam o índice brasileiro neste delicado cenário local. E não é que esteja tudo as mil maravilhas por lá.

Mas na última semana, dados que indicam desaceleração da inflação reascenderam a chama da esperança de que os juros devem cair logo mais. Quem sabe em setembro? Pelo menos, não vão subir. Ufa! O que não atrapalha já ajuda.

Além da descompressão do exterior, uma temporada de balanços com surpresas positivas traz um pouco do alívio necessário para colocar o pézinho na renda variável (Veja o caso de empresas de proteína animal) . E há motivos para a acreditar? Sim. Olhando para os números, a bolsa brasileira ainda é considerada barata, estando abaixo da média histórica no múltiplo de preço/lucro. Isso indica que as empresas ainda apresentam um lucro razoável para o preço de suas ações na cotação atual.

Com uma perspectiva de juros maior no curto prazo, um Banco Central prestes a mudar de “mãos”, a volta da sobreposição política na Petrobras, uma tragédia bilionária no Sul do país, em meio a um déficit cada vez mais difícil de alcançar… há motivos de sobra para ficar longe de ativos de risco. Não é à toa que nosso Ibovespa não esteja em par de igualdade com as bolsas de Nova York, que celebram recordes.

Como disse hoje o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, o futuro dos juros do Brasil parece estar muito mais condicionado aos Estados Unidos que aos esforços (ou armadilhas) locais.

Mas o pulo do gato é que se os movimentos no exterior se consolidarem, este pode ser um reduto para os investimentos estrangeiros que têm nos deixado de escanteio em 2024. O fluxo de saída dos gringos da bolsa já superou R$ 30 bilhões, muito mais da metade dos aportes do ano passado.

Como tudo depende do “se”, a bolsa e os juros se tornam ainda mais sensíveis a cada notícia e cada dado que sai no dia a dia. Mas o fato é que se houver até dois cortes de juros ainda este ano na Terra de Joe Biden, isso poderá fortalecer o carro chefe da bolsa brasileira. Afinal, o aumento no preço das commodities (empresas de maior peso no Ibovespa) tende a vir a partir do afrouxamento monetário nas economias desenvolvidas. Da mesma forma, os estímulos na China podem começar a dar frutos e aquecer a demanda por produtos brasileiros.

Por aqui, o dia foi de alta nos juros por toda a curva, seguindo o ritmo dos títulos nos Estados Unidos, que passaram por forte queda nos prêmios ontem.

  • Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. As taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiram de 10,34% para 10,36%;
  • Já para janeiro de 2034, ficaram praticamente estáveis a 11,63%, acompanhando as taxas nos EUA. Quanto mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).

Nesta quinta, o dólar passou por um pequeno reajuste, após subir ontem, no contrafluxo da perspectiva de juros mais baixos nos Estados Unidos. Com retornos menores por lá, a moeda americana passa a ser menos cotada, porque seus títulos de renda fixa perdem atratividade. Com isso, divisas de outros países, como o real brasileiro, tendem a se valorizar.

  • O dólar teve queda leve de 0,13% na sessão, negociado a R$ 5,13. Na semana, acumula queda de 0,53% e de 1,21% no mês, No ano, a valorização segue em 5,72%.

O alvoroço pode ser visto no volume de negociações do Ibovespa, que ficou em R$ 17 bilhões, em linha com a média dos últimos 12 meses.

Ainda com boas novidades da demanda internacional, o minério de ferro tem reagido aos estímulos da China ao setor imobiliário. Com isso, a commodity voltou a se valorizar e ajudou a empresas do setor a ter um dia positivo. A Vale, maior representante brasileira na mineração, subiu 0,73%, acompanhada por companhias menores.

Das 86 ações do Ibovespa, 55 fecharam com altas e 29 com altas, outras duas, estáveis.

Para não dizer que tudo é só exterior, é importante destacar que, após o susto da demissão de Jean Paul Prates da Petrobras, o mercado avaliou com mais calma o nome daquela que deverá ocupar seu cargo, Madga Chambriard. Funcionária de carreira da empresa, ela é vista como nome técnico e que defende investimentos em exploração, como na Margem Equatorial. Com isso, a queda dos papéis da estatal recuaram dos 6% vistos ontem, para menos de 2% nesta quinta-feira. Ainda assim, a empresa já perdeu bilhões de mercado em apenas dois dias.

Em outra frente, o esforço de membros do Banco Central para se mostrar mais apegados a dados que a pressões políticas parece ter surtido algum efeito. Em discursos recentes, o compromisso com o combate à inflação também foi reforçado. A percepção de que a Selic terá subir demais no futuro para corrigir distorções que beneficiariam o governo no curto prazo perdeu força nos últimos dias.

Com o ajuste de expectativas em relação à Selic, após comunicado duro do Banco Central após redução de apenas 0,25 ponto percentual na taxa de referência, papéis ligados à economia doméstica e mais dependente de juros comportados tiveram um dia de alta, como bancos e varejistas.

dúvida — Foto: Getty Images
dúvida — Foto: Getty Images



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