Empresário fatura mais de R$ 30 milhões vendendo carros em apenas 40 minutos

Antonio Neto Fotografias/Divulgação

Desde criança, Martins era conhecido por sua aptidão para vendas

Em 2023, foram vendidos 14,5 milhões de veículos usados no Brasil, de acordo com o balanço anual divulgado pela Fenauto, associação dos lojistas do setor. Desse montante, 10 mil unidades foram negociadas pela Vaapty, empresa de franchising que intermedia a venda de carros no país. Essas vendas resultaram em um faturamento de R$ 32 milhões no ano para a empresa fundada pelo empresário Ycaro Martins.

Apesar dos números mostrarem um negócio bem-sucedido, Martins não deixa de lembrar que precisou batalhar muito para chegar aqui, tendo passado por uma falência no meio do caminho. Mas, vamos voltar ao começo.

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Desde criança, Martins era conhecido por sua aptidão para vendas. Nascido em uma família humilde, o jovem começou a trabalhar cedo para conquistar sua liberdade financeira. Com isso, seu primeiro emprego foi em uma empresa de telefonia. Em seguida, começou a oferecer livros de porta a porta na cidade e logo depois conseguiu seu primeiro emprego registrado, em um call center.

“Uma coisa que eu sempre soube é que, se entrasse em algum projeto, era pra ser o melhor, independente de qual fosse. Eu sempre fui obcecado pelo sucesso, por estar na frente e por deixar a minha marca em todo lugar que eu passasse”, afirma o empresário.

Com essa mentalidade, Martins foi crescendo na profissão de vendedor, batendo recordes por onde passava, até que seu caminho cruzou com o mercado de compra e venda de carros, área pela qual ele sempre se interessou. Ele trabalhou na Ford, gerenciou a 2ª loja da Nissan do Brasil e cuidou das vendas da Peugeot, e começou a desenvolver as habilidades que seriam necessárias para ter sucesso no futuro com a Vaapty.

Na época, observando o mercado de compra e venda de veículos usados, que ainda se desenvolvia no país, ele percebeu que existia uma “máfia” por trás das negociações nas concessionárias. Os avaliadores vendiam os veículos a um valor interessante para os seus compradores habituais, recebendo uma comissão por isso e deixando os vendedores das lojas reféns de seus serviços.

“Eu sentia que aquele processo estava errado. Eu precisava ter domínio sobre a minha operação, poder vender o veículo para quem tivesse a melhor proposta e não apenas quem fosse mais interessante”, afirma Martins. “Com isso, decidi criar a minha própria cartela de compradores, que precisavam adquirir carros para repor os estoques de suas lojas multimarcas.”

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Então, em 2015, com toda a experiência adquirida ao longo dos anos, ele caminhou em direção ao empreendedorismo, criando uma startup de intermediação de vendas de veículos seminovos. Na época, surgiram negócios semelhantes, como é o caso da Insta Carros, mas ele queria ser diferente.

“Tudo que existia era focado em comprar os carros, guardar em seus estoques e revender, porém, isso deu muito problema ao longo do caminho, como estoques lotados parados por falta de compradores”, afirma Martins. “Era exatamente isso que eu não queria.”

Com isso, ele decidiu criar um ambiente especializado, seguro e confiável para as pessoas físicas que buscam vender os seus carros e ao mesmo tempo dar o suporte e bons veículos para os lojistas que querem adquirir esses veículos e então revender.

Com essa proposta, ele procurou o Sebrae para desenvolver a sua startup, que tinha como lema a venda de veículos em 50 minutos. De acordo com ele, esse tempo era maior do que ele precisava para avaliar o carro, criar a proposta e ligar para um lojista que estivesse interessado no negócio.

Para realizar esse projeto, ele, que não tinha dinheiro guardado, precisou pegar uma casa emprestada do sogro para criar a sua primeira loja oficial da empresa. Com foco em marketing e em sua carteira de clientes, o negócio começou a ficar conhecido em toda a cidade. Com o crescimento acelerado, começaram a surgir os problemas.

Apesar de conhecer de vendas e de gestão de pessoas, o empresário não sabia gerenciar o negócio. Assim, em 2019, ele faliu. “Eu fui do topo ao zero de um dia pro outro, entrei em depressão e senti o peso da falência”, conta Martins. “Porém, na virada para 2020, eu percebi que a minha única opção era continuar e reformular o negócio, para lançar novamente ao mercado.”

Assim, ele repensou os custos, trouxe um novo sócio, especialista em recursos humanos, e refez o projeto, que agora se chamaria Vaapty, pensando na velocidade das vendas. E, desta vez, ele decidiu apostar no modelo de franquias, para mitigar os problemas que teve da última vez.

“Não existe nenhum modelo de franquia como a Vaapty e por isso ninguém conseguiu escalar o negócio no Brasil como nós”, diz Martins. Ele conta que a empresa funciona como uma imobiliária de carros, na qual ele aluga alguns pontos em locais estratégicos para que sejam feitas as negociações dos veículos, mas eles nunca ficam em estoque, já que são vendidos no momento que chegam ao local.

Com esse modelo, em 2022, ele já tinha vendido 40 franquias, enquanto em 2023 a empresa comercializou em média 25 franquias por mês. Para o final de 2024, seu objetivo é chegar a 400 unidades vendidas, visando alcançar todo o território nacional, com cidades acima de 80 mil habitantes. Com isso, o executivo espera vender 38 mil veículos no ano.

Desta forma, as expectativas são de que a marca fature R$ 225 milhões em 2024. Além disso, visando aumentar a experiência de seus franqueados, o empreendedor criou um programa de imersão de 12 meses e vai investir R$ 500 mil em educação e capacitação. De acordo com ele, o objetivo é reduzir o índice de mortalidade dos negócios, criar um ecossistema onde as pessoas cresçam, prosperem e mude seu mindset.

De acordo com o executivo, os próximos avanços da companhia virão com auxílio da Inteligência Artificial e, para os próximos anos, o mercado pode esperar por novos segmentos de atuação, como a Vaapty Moto, Boat e Truck.

Além disso, Martins conta que está criando o Banco Vaapty, com intenção de se tornar o “banco do carro”, atendendo desde os franqueados até a rede de multimarcas. “Com o banco, nós criamos uma operação sem travas, que nos ajuda a movimentar os valores que movimentamos com mais facilidade”, afirma o executivo.