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Em meio a protestos, presidente do BC dos EUA mantém tom duro sobre política de juros | Investimento no Exterior


O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, disse nesta quinta-feira (19) que evidências de força adicional da economia podem colocar progresso da inflação em risco e que o banco central poderá apertar mais a política monetária americana se ela seguir resiliente.

Em discurso durante evento no Economic Club de New York – que foi inicialmente interrompido por manifestantes -, Powell reforçou que os juros nos Estados Unidos serão mantidos restritivos até que a autoridade tenha confiança de que a inflação irá voltar para a meta de 2%. “Estamos atentos a dados que mostram que força da economia e de mercado de trabalho”, disse ele, conforme transcrição publicada no site do Fed.

Em sua extensa fala, seguida por uma conversa com o jornalista David Westin, da Bloomberg, o presidente do banco central americano deu mais de um indício de que a política monetária deve seguir restritiva, beirando mais altas de juros.

Jerome Powell — Foto: Fed/Divulgação
Jerome Powell — Foto: Fed/Divulgação

Powell disse, em determinado momento, que a economia tem mostrado que suporta juros maiores, mas também os juros não estão muito altos pelo tempo suficiente para levar a inflação à meta.

O banqueiro central disse que não sabe qual o juro neutro, “mas não parece que política monetária está apertada demais”. E “nós estamos focados no que a economia está nos contando nesse momento”, afirmou.

Os mais otimistas se apoiaram na sinalização de Powell de que o aumento dos rendimentos dos Treasuries (títulos do Tesouro americano) está apertando as condições financeiras, provavelmente provocados por preocupação com déficit fiscal e pelo aperto quantitativo.

Assim, o mercado da renda fixa poderia estar exercendo a pressão que falta às taxas do Fed, já que a alta nas taxas dos títulos públicos puxariam juros em outros segmentos.

Mas este não é bem o entendimento de Powell. Segundo ele, esses rendimentos maiores dos Treasuries não mudam profundamente o caminho da política monetária mas podem afetar a decisão por mais uma alta de juros ou não.

“Razões para alta dos Treasuries vão além da perspectiva monetária”, afirmou.

Assim, as bolsas de Nova York aceleraram os ganhos imediatamente após a fala do dirigente da entidade monetária, mas nem 30 minutos após o fim do discurso de Powell viraram para o campo negativo.

Segundo ele, a situação fiscal atual não afeta decisões monetárias no curso prazo. “O nível atual do déficit não é insustentável, mas caminho da dívida, sim”, disse ele.

Powell disse ainda que a situação fiscal atual não afeta decisões monetárias no curso prazo. “O nível atual do déficit não é insustentável, mas caminho da dívida, sim”, disse ele.

Efeito retardado dos juros altos

O banqueiro central reiterou que há muita incerteza sobre atrasos no efeito da política monetária. “Vemos efeitos da política monetária chegando, só não tão rápido quanto gostaríamos”, disse.

Powell disse também que o estresse bancário se acalmou e que não vê risco sistêmico no setor imobiliário comercial. “E o setor imobiliário comercial não é um grande risco para os bancos maiores, já que são os bancos menores e os regionais que tem uma exposição maior”, afirmou.

Sinais da economia americana

“Dados de inflação de setembro mantiveram tendência de queda mas foram menos animadores”, afirmou Powell, reiterando que a inflação está muito alta e que alguns meses de dados favoráveis é apenas o início.

“Até o momento, a queda da inflação não ocorreu à custa de um desemprego significativamente mais elevado – um desenvolvimento altamente bem-vindo, mas historicamente incomum. A recuperação das cadeias de abastecimento, em conjunto com o reequilíbrio da oferta e da demanda no mercado de trabalho, permitiu a queda da inflação sem uma atividade econômica substancialmente mais fraca. Na verdade, o crescimento econômico tem surpreendido consistentemente positivamente este ano, como se viu mais recentemente nos fortes dados de vendas a varejo divulgados no início desta semana”, afirmou.

Ele disse também que o retorno à meta de inflação provavelmente exigirá um período de crescimento abaixo da tendência. “Muitos indicadores sugerem que, embora as condições continuem apertadas, o mercado de trabalho está esfriando gradualmente”, afirma.

Powell disse, contudo, que as tensões geopolíticas estão muito elevadas e representam riscos importantes para a atividade econômica global. “O nosso papel institucional no Fed é monitorar estes desenvolvimentos relativamente às suas implicações econômicas, que permanecem altamente incertas. Falando por mim, achei o ataque a Israel horrível, assim como a perspectiva de mais perdas de vidas inocentes”, afirmou.

Sobre as condições financeiras, Powell disse que elas se tornaram significativamente mais restritivas nos últimos meses e os rendimentos dos títulos de longo prazo têm sido um importante fator impulsionador desta restritividade. “Continuamos atentos a estes desenvolvimentos porque alterações persistentes nas condições financeiras podem ter implicações na trajetória da política monetária”, afirmou.

Com informações do Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.



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