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O 1º tri do mercado: volume de ofertas de CRI e CRA dobra, e fundos crescem no crédito privado | CRI e CRA


O volume de ofertas de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (CRA) mais do que dobrou no primeiro trimestre, em comparação ao mesmo intervalo de 2023. Os dados ainda não refletem as recentes mudanças nas regras para emissão desses papéis, segundo Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, associação que representa entes do mercado de capitais (bancos, gestoras de recursos etc).

“Muitas empresas já estavam com ofertas protocoladas e acabaram não sentindo o efeito das mudanças”, disse Maranhão durante a apresentação dos dados.

As emissões de CRI movimentaram R$ 15,07 bilhões no primeiro trimestre, ante R$ 5,75 bilhões no mesmo período do ano passado. Já os CRA chegaram a R$ 12,54 bilhões de janeiro a março. Nos mesmos meses de 2023, foram emitidos R$ 5,37 bilhões.

Daqui para frente, há uma expectativa de parte das empresas que antes emitiam CRI e CRA migrarem para debêntures institucionais, diz Maranhão, e até para o mercado externo. “As principais fontes [de financiamento] após as mudanças nas ofertas incentivadas passam a ser o mercado local institucional, em que fundos e bancos compram, e o mercado externo”.

Já na indústria de fundos, os resultados do primeiro trimestre mostram que esses veículos têm crescido em participação nas ofertas de debêntures. O resultado acompanha o movimento de captação em veículos voltados à renda fixa, disse Maranhão.

Os fundos responderam por quase 53% do volume subscrito em ofertas de debêntures realizadas no primeiro trimestre, segundo dados da Anbima. No quarto trimestre de 2023, eram cerca de 27%, mesmo patamar alcançado no terceiro trimestre.

Por outro lado, a participação direta de investidores pessoa física caiu de cerca de 11% no terceiro trimestre de 2023 para 3,2% no quarto trimestre e 2,1% no primeiro trimestre de 2024. Segundo Maranhão, é provável que esses investidores tenham optado por fazer a alocação por meio de fundos.

Especificamente nas debêntures incentivadas, a participação de pessoa física passou a cair a partir do segundo trimestre de 2023, passando de 34,6% naquela época para 7,4% no primeiro trimestre do ano. De janeiro a março, os principais subscritores desses papéis foram os participantes ligados às ofertas, como bancos. Eles ficaram com quase 63% do volume de incentivadas.

Maranhão acredita que, do ponto de vista de precificação, uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) não faz muito sentido para as empresas atualmente.

Com o mercado de dívida fortalecido, inclusive com o volume de emissões de debêntures alcançando recorde, é provável que as companhias olhem mais para a possibilidade de emitir um título de dívida do que para o “equity” (ação), explicou durante a apresentação de dados trimestrais.

Para Maranhão, o principal “driver” para a retomada dos IPOs continua sendo a taxa de juros americana. “À medida que tiver um corte efetivo de juros, o pipeline [perspectiva] deve ficar mais robusto,” afirmou, ressaltando que hoje a Anbima não analisa nenhuma operação desse tipo.

“Se os IPOS acontecerem serão no segundo semestre”, afirmou Maranhão. “Pessoalmente, acredito que há mais chance de serem três a cinco operações do que cinco a dez operações.”

Com informações do Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.

Fundos de investimentos em renda fixa mais rentáveis — Foto: Getty Images
Fundos de investimentos em renda fixa mais rentáveis — Foto: Getty Images



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