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Campos Neto aponta ‘porta menos aberta’ para queda da Selic | Moedas e Juros


O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou a visão do mercado de deterioração do cenário macroeconômico, com riscos globais se somando os fiscais no cenário doméstico, para continuidade de queda da Selic. Em encontro com investidores promovido pela XP, em Washington, o chefe da autarquia reforçou que as novas incertezas estão mais relacionadas às condições globais, embora haja também “uma história local de alta do prêmio de risco.”

Os ativos locais exibiram piora no começo da tarde desta quarta (17), com o dólar reduzindo a queda, Ibovespa ampliando as perdas, e a parte curva dos futuros de juros (DI) invertendo o sinal de leva baixa para leve alta.

presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Campos Neto afirmou que a inflação vem convergindo para a meta do BC, de 3%, e que a narrativa da perspectiva da atividade econômica no Brasil reforça espaço para queda de juros. “A história mudou recentemente nos números fiscais”, diz, em referência a fatores que levaram a um novo cenário de risco local.

“É verdade que a revisão fiscal foi na direção do que o mercado estava esperando em alguma extensão. E entendemos que houve uma necessidade de mudar [a meta fiscal, mas o problema é que âncora fiscal e âncora monetária são muito relacionadas. Então, se você perde credibilidade, o outro lado ‘fica mais caro'”, disse, em referência à alteração da meta fiscal do governo para 2025, anunciada na última segunda. “O ministro da Fazenda disse várias vezes que essas coisas estão relacionadas.”

O presidente acrescentou, ainda, que “domesticamente, tivemos algumas surpresas na atividade, de muita resiliência no mercado de trabalho”, avaliou. “Tivemos um dado positivo recentemente, mas estamos olhando ainda para o que isso significa, vimos uma perda na tendência de serviços e expressamos preocupação sobre isso.”

Embora reconheça a piora do ambiente doméstico com expectativas de inflação mais desancoradas, conforme a percepção de risco fiscal elevava, “mas uma parte bem maior [dos obstáculos à queda da Selic] vem do cenário externo.”

Em relação ao cenário global, Campos Neto afirmou que o mercado parece esperar um ou dois cortes nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e que isso vai ser bastante dependente de dados. “Acho que a volatilidade global no curto prazo vai aumentar, é possível ver em alguns indicadores de mercado”, afirmou, , ao comentar sobre a política monetária americana.

“Nós esperávamos incerteza no cenário externo, mas há vários cenários. Podemos ter um sistema em que a incerteza continua muito alta, mas não muda significativamente [os preços de ativos no mercado] ou um que a incerteza passe a afetar mais fortemente variáveis importantes”, ponderou.

“Precisamos de tempo para ver como o mundo vai digerir o fato de que teremos juros altos por mais tempo nos Estados Unidos e o impacto dessas incertezas nas variáveis que são importantes para nós.”

Com informações do Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.



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