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BTG Pactual projeta Selic mais alta e vê piora no cenário externo e local | Moedas e Juros


A deterioração do cenário externo e doméstico levará o Banco Central a reduzir o ritmo de flexibilização da política monetária a partir da reunião de junho e a cortar a taxa básica de juros menos que o esperado anteriormente. A avaliação é feita pelos economistas do BTG Pactual, que elevaram a projeção para a Selic no fim deste ano de 9,5% para 9,75%, enquanto aumentaram a expectativa para o juro básico em 2025 de 8,5% para 9%.

“O tom da comunicação do Copom de março veio um pouco mais duro que o antecipado. O comitê está comprometido (se o cenário evoluir conforme esperado) com apenas um corte de 0,5 ponto. Além disso, o comitê está visivelmente mais atento ao mercado de trabalho; falando sobre uma perspectiva de inflação mais incerta; e prestando atenção aos detalhes (monitorados com uma ‘lupa’) da inflação de serviços”, notam os profissionais do BTG.

Em revisão de cenário divulgada nesta terça-feira, os economistas do banco notam que os dados de inflação e de mercado de trabalho nos Estados Unidos devem postergar para o segundo semestre o início de um ciclo de flexibilização monetária pelo Federal Reserve (Fed).

Na expectativa do BTG, o Fed promoverá duas reduções de 0,25 ponto nos juros neste ano, uma em setembro e outra em dezembro. Já para 2025, o banco projeta quatro cortes de igual magnitude, o que levaria a taxa dos Fed funds para o intervalo entre 3,75% e 4% no fim de 2025.

Diante desse cenário externo mais adverso, o real tem mantido um desempenho mais fraco. “A análise do desempenho do real ante aos principais países emergentes e/ou exportadores de commodities revela que a moeda brasileira foi uma das cinco principais moedas que mais se desvalorizou no ano.

Além disso, foi a que mais se enfraqueceu em comparação com seus pares latino-americanos (com exceção do peso chileno)”, notam os economistas do BTG, para quem aspectos internos também podem ter prejudicado a dinâmica da moeda brasileira.

O BTG, assim, elevou sua projeção para o dólar no fim deste ano de R$ 4,80 para R$ 5,00, ao manter a expectativa de que o cenário externo deve continuar a ser o principal fator a guiar o câmbio.

“Ainda que existam vetores que possam vir a contribuir para a apreciação do real ante o dólar (como o início do ciclo de queda dos juros americanos), é importante ressaltar que o segundo semestre, com a ocorrência das eleições nos EUA, poderá contribuir para manter a força do dólar ante o real, e comprometer uma eventual trajetória mais benigna da moeda doméstica.”

Nesse contexto, os economistas do banco mantiveram a expectativa para o IPCA deste ano em 3,8%, mas elevaram a projeção para a inflação de 2025 de 3,5% para 3,8%, ao apontarem que as perspectivas se tornaram “mais desafiadoras”.

Os profissionais do BTG citam, em particular, as leituras “extremamente fortes” do mercado de trabalho, que contribuíram para revisões nas projeções de crescimento, com uma composição mais desfavorável para o cenário de inflação, por terem sido puxadas pela maior expectativa de crescimento do consumo privado. O banco elevou a previsão para o PIB deste ano de 2% para 2,3% e aumentou a estimativa para o crescimento de 2025 de 2% para 2,2%.

Este conteúdo foi publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

 — Foto: Getty Images
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