![Para Galípolo, exterior inibe quedas de juros maiores | Moedas e Juros](http://tudosobrefinancas.dev.br/wp-content/uploads/2023/09/1695996598_Para-Galipolo-exterior-inibe-quedas-de-juros-maiores-Moedas.jpg)
Banco Central não deve se ‘emocionar muito’ com flutuações de curto prazo, diz Galípolo | Brasil e Política
O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que, de fato, o nível de correlação da curva de juros do Brasil com a dos Estados Unidos cresceu muito. Ele acrescentou, no entanto, que a autoridade monetária deve agir com calma e não “se emocionar”.
“Quando a gente escreve ‘parcimônia’ significa que nem sempre devemos nos emocionar muito com flutuações de curto prazo”, evento promovido pela Upload Ventures, em São Paulo.
![Diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo — Foto: Pedro França/Agência Senado](http://tudosobrefinancas.dev.br/wp-content/uploads/2023/09/Para-Galipolo-exterior-inibe-quedas-de-juros-maiores-Moedas.jpg)
De acordo com ele, talvez o mais adequado seja dar tempo para ver como essas oscilações se refletem naquilo que é o mandato do BC, que é meta de inflação. “É importante ter calma e não se emocionar, ainda que o risco seja ficar um pouco atrasado nesse processo de reação.”
Galípolo ressaltou que o papel da autoridade monetária não é discutir a meta de inflação, mas persegui-la. O diretor do BC disse ter até uma posição mais “radical” de que a autoridade monetária não deveria ter voto na discussão da meta no Conselho Monetário Nacional (CMN).
O diretor afirmou que, desde que assumiu a posição no BC, tem visto o ceticismo do mercado com o cumprimento da meta “ir e voltar”. “Para a gente esse é um não tema, recebemos um mandato e temos que perseguir a meta”, disse.
“Sou até mais radical e acho que o BC nem deveria, no CMN, votar na meta de inflação”, disse Galípolo, reforçando que ela deve ser definida pelo poder democraticamente eleito. “A discussão no Copom não passa por se a meta está alta ou baixa, temos que nos preocupar com persegui-la.”
Galípolo reforçou que, apesar da reprecificação de ativos mais recente, com o fortalecimento do dólar, o Brasil tem vantagens comparativas e capacidade de atrair investimento.
Ele apontou que países que estavam adiantados no processo de aperto monetário “estão sofrendo um pouquinho na defasagem do ponto de vista da economia norte-americana”, ou seja, com a postergação dos cortes de juros nos EUA. “Mas ainda acho que do ponto de vista estrutural o Brasil reúne vantagens para se apresentar como um polo de investimentos, ter ganhos de produtividade.”
Para ele, a demanda das famílias deve permanecer resiliente, puxada por fatores como a inflação em queda, programas de transferência e reajuste de salário mínimo.
Em um momento de tensão geopolítica global, o país também tem situação “bastante privilegiada em comparação a outros países”, afirmou. “O Brasil tem tamanho de mercado, demanda aquecida, com ciclo de política monetária que parece bastante saudável”, disse o diretor, citando também vantagens em termos de balança comercial e energia limpa.
“O desafio é como fazer com que tenhamos crescimento mais harmônico entre oferta e demanda”, afirmou. “Deveríamos estar focando hoje, em termos de desenvolvimento, em investimento, em como aumentar investimento privados nos setores corretos.”
Foi a primeira fala de Galípolo após a mudança da meta fiscal para 2025 e dos comentários do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre uma possível alteração no cenário-base da autoridade monetária devido a incertezas locais e externas.
Na semana passada, Campos Neto traçou quatro caminhos possíveis para a política monetária no país. Na avaliação dos agentes de mercado, o dirigente buscou se desfazer da orientação de política monetária indicada no comunicado da última decisão do Copom, de que o comitê via como apropriado mais um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic.
Na última reunião do colegiado, em março, a taxa básica de juros foi reduzida de 11,25% ao ano para 10,75% com sinalização de mais um corte de 0,5 ponto percentual apenas para a próxima reunião, marcada para os dias 7 e 8 de maio.
Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.