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André Esteves está otimista com Brasil, que está ‘ganhando jogo internacional por W.O.’ | Hora de Investir


O presidente do conselho de administração do BTG, André Esteves, afirmou que o Brasil está com uma imagem muito boa no exterior, por uma série de fatores, como as reformas estruturais dos últimos anos, o fato de ser um grande exportador de alimentos e de ter uma matriz energética bastante limpa.

Andre Esteves (BTG) — Foto: Claudio Belli/Valor
Andre Esteves (BTG) — Foto: Claudio Belli/Valor

Com diversos outros emergentes fora do jogo (Rússia e países do Leste Europeu em função da guerra na Ucrânia, Argentina e Turquia caindo de categoria para a classificação de mercados de fronteira e China enfrentando tensões com os EUA), o Brasil não tem muitos rivais à altura, avalia.

“O Brasil está ganhando o jogo de W.O., não está tendo muita gente para competir. O cenário está bom para nós. Existem alguns deslocamentos geopolíticos e o Brasil pode ser um beneficiário, tem essa questão do desafio climático, como vão se reorganizar as cadeias produtivas globais”, comentou Esteves ao participar do BTG Macro Day nesta segunda-feira (6).

Ele lembrou ainda que o país tem um grande mercado consumidor, uma democracia consolidada e boas relações diplomáticas com quase todos os países do mundo.

Questionado sobre a possibilidade de alguns riscos geopolíticos ganharem escala, o banqueiro disse não acreditar nisso. Para ele, a guerra entre Rússia e Ucrânia está em uma instabilidade estável, o conflito entre Israel e Palestina não deve aumentar tanto e uma disputa entre China e EUA — envolvendo Taiwan, por exemplo — tem uma “barra alta” para acontecer.

“No auge da Guerra Fria, a corrente de comércio entre EUA e União Soviética era de 0,02% do PIB global. Entre EUA e China, hoje, é de quase 20%. As economias são muito mais intricadas.”

Esteves diz que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) está muito próximo do fim do ciclo de alta de juros. Para ele, pode haver algum ajuste, mas no momento a autoridade monetária americana já está mais preocupada com a possibilidade de apertar demais do que de fazer o movimento contrário.

Para o Brasil, ele diz que, dadas as incertezas externas e internas — como a questão fiscal —, o BC está certo em manter o ritmo de corte de juros em 0,5 ponto porcentual. Segundo ele, só o tempo dirá onde a taxa pode chegar no fim do ciclo. “Nesse ritmo de corte a gente vai descobrindo onde pode chegar, a partir do que está se entregando do lado fiscal.” Para ele, como o diferencial de juros do Brasil com os EUA ainda é muito grande, o BC brasileiro possui bastante espaço para cortar os juros antes que isso comece a afetar significativamente o câmbio.

O executivo concorda que será muito difícil atingir a meta de déficit zero no ano que vem, mas diz que a estrutura do arcabouço fiscal precisa ser mantida. “O mercado espera déficit de 0,7%, 0,8% do PIB. Eu ainda acho que será menor, mas o importante é manter aquilo que foi institucionalmente aprovado.”

Conteúdo publicado no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.



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