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Amigos transformam venda de macarrão na caixinha em franquia e faturam milhões | Franquias


Uma “pausa no mundo”, uma inspiração no China in Box e uma tradição familiar foram os ingredientes para a Ital’in House, rede de franquias criada na garagem de casa pelo empreendedor Nestor Girardi, 30 anos, em julho de 2020. Agora, pouco mais de três anos depois, a marca acaba de inaugurar a loja número 70, em São Paulo, e planeja abrir a primeira operação internacional no primeiro trimestre de 2024, em Amsterdã, na Holanda. O faturamento foi de R$ 9,6 milhões em 2022, e a projeção é chegar a R$ 65 milhões neste ano.

Antes de empreender, Girardi atuava na produção de uma dupla sertaneja quando viu as portas para o seu setor se fecharem com a pandemia. Na época, decidiu ir de Campinas, onde morava, para Barretos, também no interior paulista, passar uma temporada com os pais. Ele resolveu canalizar a ansiedade em uma paixão antiga, amparada em uma tradição familiar: cozinha italiana.

As massas de Girardi sempre fizeram sucesso em reuniões familiares ou de amigos. Dessa forma, ele decidiu empreender com um dos únicos canais que estavam abertos em 2020, o delivery. O empreendedor investiu pouco menos de R$ 10 mil para comprar embalagens, panelas e fogão para o preparo e começou a vender massas na caixinha, inspirado no modelo consolidado pelo China in Box, diretamente da garagem da casa dos pais. “Eu já tinha a ideia de vender massas em caixas desde 2008. A primeira embalagem fui eu mesmo que desenhei”, conta.

Pouco mais de três meses depois, o negócio já tinha mostrado potencial e Girardi percebeu que precisaria se dedicar mais para fazê-lo ganhar escala e transformá-lo em uma franquia. Assim, mudou-se para um local maior, dedicado à marca, que manteve sua sede em Barretos (SP).

O empreendedor conta que tinha se inspirado em uma rede comandada por um amigo, em Campinas (SP), e desde o início já desenhava processos para tornar a empresa franqueável. “Adorei o modelo de negócio quando conheci. O franqueado é o cara que te dá a mão e fala: ‘vem aqui e vamos fazer dar certo’. É diferente de abrir uma filial e colocar um gerente”, diz.

Em 2021, Girardi chamou o amigo Felipe Fontes, 38 anos, para ajudá-lo na missão de buscar recursos para expandir o negócio. Os dois se conheciam desde 2014, por meio de projetos que ambos tinham no ecossistema de startups. Dessa forma, o novo sócio ficou responsável por trazer dinheiro para o negócio.

Negócio cresceu com aportes

O primeiro aporte veio de um investimento-anjo feito pelo empresário Carlindo Boaventura, que aconteceu em julho de 2021 e trouxe cerca de R$ 200 mil para o Ital’in House. Isso deu força para que os dois abrissem cinco franquias em um regime de “subsídio total”, com amigos e conhecidos, em um esquema de compartilhamento de risco. A ideia era que essas lojas os ajudassem a validar o modelo que seria expandido posteriormente.

Modelo da Ital'in House foi inspirado nas caixinhas do China in Box — Foto: Divulgação
Modelo da Ital’in House foi inspirado nas caixinhas do China in Box — Foto: Divulgação

Seis meses depois, em uma nova rodada com um investidor canadense, Patrick Trumpy, eles receberam mais R$ 500 mil. O valor foi aplicado como fluxo de caixa para as cinco unidades existentes. “Hoje já estamos passando em due diligence para uma rodada que deve captar R$ 2,5 milhões, direcionados para abertura de lojas internacionais, expansão de fábrica própria e outros projetos de inovação”, adianta Fontes.

100 franquias até o fim do ano

O negócio começou a crescer em 2022, quando os sócios se sentiram prontos para replicar o modelo. No fim do ano passado já tinham 22 unidades, e hoje estão com 70 franquias em funcionamento e mais 30 negociadas. O plano é bater as 100 lojas abertas até o fim do ano e cravar 180 no fim de 2024, com um faturamento médio mensal de R$ 15 milhões para toda a rede.

Cerca de 85% do faturamento da Ital’in House vem do delivery, e o restante é de take away. “Fomos descobertos como aquela rotisserie de bairro, para a pessoa ir lá e retirar a comida”, diz Fontes. O produto que mais sai é o tradicional talharim com molho bolonhesa, mas há opções mais elaboradas no menu, com oito receitas de massas e quatro de risotos. O tíquete médio é de R$ 60.

Fachada da Ital'in House: loja vende 85% por delivery — Foto: Divulgação
Fachada da Ital’in House: loja vende 85% por delivery — Foto: Divulgação

A rede trabalha com fornecedores homologados e um centro de produção e distribuição em Barretos para alguns itens, como nhoque e camarão, com capacidade de produção de 500 quilos por dia. Agora, com a escala, toda a lista de ingredientes está passando por uma revisão para compras em volumes maiores, com condições que melhorem a margem dos franqueados. A ideia é que os produtos cheguem às lojas semi-prontos, para que o preparo seja rápido.

O investimento inicial para se tornar um franqueado é a partir de R$ 200 mil, com retorno previsto entre 18 e 24 meses. A primeira loja conceito, com atendimento ao público, foi inaugurada em agosto em São Paulo, na região da Oscar Freire, para testar um modelo que poderá ser levado para shopping centers.

A rede também atraiu a atenção de investidores internacionais, de acordo com os empreendedores. Alguns países já vêm sendo estudados, mas o que tem as negociações mais adiantadas é a Holanda, que deve receber a primeira unidade internacional até o primeiro trimestre de 2024.



PEGN

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