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Petrobras (PETR4) afunda na contramão da maioria das ações do Ibovespa | Bolsas e índices


Não se engane com o saldo final do Ibovespa. O apetite ao risco deu, sim, as caras no mercado nacional nesta segunda-feira (23).

No front da guerra no Oriente Médio, nada de uma temida escalada no fim de semana. Os misseis trocados por Israel e Hamas seguem, portanto, sem materializar temores de aperto na oferta global de petróleo. Além disso, e principalmente para o mercado, os rendimentos dos títulos americanos de longo prazo deram uma pausa no rali. O espaço foi aberto, assim, para a reação das ações de empresas mais sensíveis ao sobe e desce do custo de capital.

Tudo muito bem, tudo muito bom. Só que não.

  • Enquanto subia a maioria dos papéis listados no Brasil, os da Petrobras caíam com tudo. Ações ordinárias (ON, com direito a voto em assembleias) afundaram 6,03%. Preferenciais (PN, com preferência por dividendos), 6,61%. Ainda que os preços do petróleo tenham caído 3%, não dá para colocar a quedas dos papéis da estatal nessa conta. Outras petroleiras tiveram desempenho relativo melhor. As ações da Prio caíram, mas bem menos, 1,73%. As da PetroReconcavo, 0,09%. E teve ate quem subisse, a 3R, em 0,69%.

E enquanto 67 das suas 86 ações fechavam no azul, o principal índice da bolsa sentia o peso dos 14% de sua composição dedicados à Petrobras.

  • O Ibovespa fechou em queda de 0,33%, a 112.785 pontos. Acumula perdas em outubro de 3,24%. No ano, sobe 2,78% até aqui.

  • A carteira teórica mais famosa do Brasil girou R$ 17 bilhões, 10% abaixo da média diária dos últimos 12 meses.

  • O preço do dólar, por sua vez, caiu 0,27%, a R$ 5,02. A queda em outubro está em 0,20%. No ano, em 4,96%.

Além do alívio vindo dos Estados Unidos, a curva de juros nacional teve algum alívio interno. As projeções de inflação no Brasil pararam de subir. E sob sinais de de desaceleração da economia, a turma manteve inalterado o ponto de chegada do ciclo de cortes embutido aos preços. Dos atuais 12,75% ao ano, as apostas giram numa queda aos 11% cravados:

  • Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. Taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caíram de 11,08% a 11,05%;
  • Já para janeiro de 2033, de 11,93% a 11,87%. Quão mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).

A Petrobras recolocou à boca dos investidores o ranço que vinha sendo dissipado.

E fazia até sentido que fossem. O presidente da estatal, Jean Paul Prates, acabou a paridade de preços de importação. Mas, ainda que de maneira mais nebulosa, a companhia veio acompanhando o sobe e desce das cotações do petróleo e do câmbio. Além disso, mesmo menor, a distribuição de dividendos da companhia era tão farta que seguiu atrativa.

Ou seja, a promessa de “abrasileirar” preços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se converteu em preços de gasolina congelados. Tampouco a empresa vai se negando a distribuir lucros. Até porque interessam e muito ao acionista controlador, o governo. Diante da dificuldade para encontrar novas receitas, esses bilhões são essenciais para se chegar ao menos perto das metas fiscais.

Mas, entre outras coisas, a Petrobras quer retomar as nomeações políticas vedadas pela Lei das Estatais desde 2016. Usa como justificativa liminar assinada em março pelo então ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Depende da anuência do conselho da empresa. Mas o Planalto domina essas cadeiras. Logo, investidores deram como certa a volta do terraplanismo econômico.

Digamos, por exemplo, que comece uma guerra no Oriente Médio. E que, no meio dela, o petróleo dispara. E vai que, em paralelo, os Estados Unidos subam ainda mais os juros, fazendo o preço do dólar disparar. Numa gestão estritamente técnica, a Petrobras repassaria aos preços finais tanto a escalada do petróleo quanto a do câmbio. Do contrário, deixaria de maximizar lucros e, no limite, passaria a queimar caixa, já que é obrigada a importar parte do petróleo que refina.

A única razão para não fazer isso seria política. Evitar um impopular repique inflacionário.

A Lei das Estatais não livra a Petrobras do risco de interferência política. Haja vista o entra e sai de presidentes da companhia no governo passado, ao menor sinal de desacordo entre as boas práticas de governanças e os desejos do Planalto. Mas ela dificulta. Haja vista esse mesmo entra e sai. A despeito dele, a companhia se manteve sadia.

Enfim, o pregão terminou com gostinho de volta ao passado. Um passado medidas populistas prejudicaram a Petrobras mais até do que os casos de corrupção estourados pela Lava Jato. Com ajuda da Lei das Estatais, a companhia se reergueu. Enfraquecida a Lei das Estatais, sobra desconfiança.

As 86 do Ibovespa (23.10.23)

Código Nome Abertura Mínima Média Máxima Fechamento Var. %
CVCB3 CVC BRASIL ON 2,49 2,43 2,70 2,89 2,73 9,20
GOLL4 GOL PN 6,85 6,81 7,20 7,44 7,28 5,51
MRVE3 MRV ON 8,17 8,12 8,54 8,75 8,57 5,28
AZUL4 AZUL PN 12,25 12,12 12,72 13,14 12,93 4,61
IGTI11 IGUATEMI S.A UNT 19,10 19,10 19,93 20,25 20,00 4,22
COGN3 COGNA ON 2,37 2,37 2,47 2,52 2,49 4,18
RAIL3 RUMO S.A. ON 21,36 21,28 22,12 22,52 22,43 3,99
ASAI3 ASSAI ON 10,92 10,92 11,48 11,68 11,52 3,97
SOMA3 GRUPO SOMA ON 5,30 5,28 5,56 5,69 5,56 3,93
BPAC11 BTGP BANCO UNT 29,07 29,07 30,29 30,78 30,36 3,87
ALSO3 ALIANSCE SONAE ON 21,85 21,81 22,66 22,99 22,86 3,81
CCRO3 CCR SA ON 11,72 11,69 12,13 12,32 12,21 3,65
HAPV3 HAPVIDA ON 3,82 3,75 3,98 4,08 4,00 3,36
EZTC3 EZTEC ON 15,06 15,06 15,56 15,72 15,64 3,30
ALPA4 ALPARGATAS PN 7,20 7,20 7,35 7,48 7,44 3,19
SBSP3 SABESP ON 59,94 59,45 60,82 61,71 61,14 2,86
MULT3 MULTIPLAN ON 24,10 24,10 24,82 25,08 24,92 2,81
FLRY3 FLEURY ON 15,10 15,10 15,50 15,69 15,56 2,50
RDOR3 REDE D OR ON 23,24 23,11 23,88 24,14 23,91 2,31
SANB11 SANTANDER BR UNIT 26,11 26,01 26,68 27,01 26,79 2,21
CMIN3 CSN MINERACAO ON 4,69 4,67 4,78 4,81 4,80 2,13
ARZZ3 AREZZO CO ON 58,58 58,05 59,46 60,35 60,11 2,04
BHIA3 CASAS BAHIA ON 0,51 0,50 0,53 0,54 0,53 1,92
CRFB3 CARREFOUR BR ON 8,92 8,89 9,20 9,42 9,12 1,90
BRFS3 BRF SA ON 10,78 10,76 10,96 11,05 10,99 1,85
GOAU4 GERDAU MET PN 9,98 9,95 10,16 10,27 10,21 1,79
ENEV3 ENEVA ON 10,94 10,92 11,23 11,39 11,19 1,73
RADL3 RAIA DROGASIL ON 25,87 25,87 26,40 26,66 26,50 1,69
LREN3 LOJAS RENNER ON 12,22 12,16 12,43 12,65 12,40 1,47
EQTL3 EQUATORIAL ON 30,82 30,82 31,61 32,02 31,45 1,45
GGBR4 GERDAU PN 21,35 21,21 21,77 21,97 21,76 1,45
B3SA3 B3 ON 11,06 11,01 11,29 11,42 11,31 1,43
RENT3 LOCALIZA ON 50,61 50,18 51,67 52,53 51,72 1,41
CYRE3 CYRELA REALT ON 18,10 18,10 18,60 18,81 18,51 1,26
VAMO3 VAMOS ON 7,96 7,89 8,10 8,19 8,13 1,25
DXCO3 DEXCO ON 6,53 6,48 6,67 6,78 6,65 1,06
JBSS3 JBS ON 19,14 19,13 19,41 19,58 19,40 1,04
CSAN3 COSAN ON 15,44 15,37 15,64 15,79 15,67 1,03
SMTO3 SAO MARTINHO ON 36,98 36,98 37,39 37,61 37,36 0,97
CMIG4 CEMIG PN 11,81 11,75 11,92 11,99 11,91 0,85
EMBR3 EMBRAER ON 17,67 17,39 17,79 18,06 17,90 0,85
CIEL3 CIELO ON 3,60 3,56 3,67 3,71 3,66 0,83
YDUQ3 YDUQS PART ON 18,15 17,97 18,46 18,80 18,44 0,82
PETZ3 PETZ ON 3,76 3,74 3,84 3,89 3,81 0,79
BRKM5 BRASKEM PNA 18,08 17,94 18,25 18,54 18,35 0,77
RRRP3 3R PETROLEUM ON 31,58 31,24 32,14 32,77 32,10 0,69
CSNA3 SID NACIONAL ON 10,77 10,75 10,96 11,12 10,95 0,64
MRFG3 MARFRIG ON 6,29 6,27 6,36 6,43 6,36 0,63
SLCE3 SLC AGRICOLA ON 35,90 35,90 36,46 36,81 36,50 0,63
NTCO3 GRUPO NATURA ON 12,72 12,61 12,95 13,24 12,95 0,62
ELET6 ELETROBRAS PNB 37,98 37,92 38,26 38,60 38,24 0,61
IRBR3 IRBBRASIL RE ON 40,29 39,63 40,47 41,15 40,72 0,59
RAIZ4 RAIZEN PN 3,55 3,54 3,59 3,62 3,60 0,56
ENGI11 ENERGISA UNT 44,89 44,86 45,64 46,18 45,49 0,55
EGIE3 ENGIE BRASIL ON 40,39 40,28 40,94 41,24 40,81 0,47
VBBR3 VIBRA ON 19,57 19,40 19,66 19,83 19,65 0,41
TAEE11 TAESA UNIT 33,62 33,58 33,94 34,09 33,89 0,39
HYPE3 HYPERA ON 33,55 33,18 33,86 34,16 33,85 0,33
PCAR3 P.ACUCAR – CBD ON 3,43 3,42 3,54 3,62 3,47 0,29
WEGE3 WEG ON 33,52 33,40 33,90 34,16 33,90 0,27
CPLE6 COPEL PNB 8,30 8,25 8,40 8,48 8,37 0,24
ELET3 ELETROBRAS ON 33,94 33,93 34,24 34,75 34,18 0,21
BRAP4 BRADESPAR PN 20,53 20,46 20,73 20,87 20,69 0,19
BBDC4 BRADESCO PN 14,15 14,12 14,21 14,29 14,18 0,14
ITUB4 ITAU UNIBANCO PN 26,90 26,82 27,11 27,31 26,99 0,11
BBDC3 BRADESCO ON 12,43 12,37 12,45 12,55 12,46 0,08
TOTS3 TOTVS ON 25,65 25,57 25,83 26,04 25,75 0,08
CPFE3 CPFL ENERGIA ON 32,70 32,70 32,94 33,24 32,85 0,00
ABEV3 AMBEV S/A ON 12,46 12,38 12,50 12,57 12,48 -0,08
RECV3 PETRORECSA ON 21,60 21,36 21,76 22,14 21,61 -0,09
ITSA4 ITAUSA PN 8,76 8,70 8,76 8,84 8,73 -0,11
VIVT3 TELEF BRASIL ON 45,01 45,01 45,35 45,78 45,08 -0,13
TIMS3 TIM ON 15,20 15,08 15,19 15,31 15,17 -0,13
BBAS3 BRASIL ON 49,28 48,83 49,36 49,79 49,27 -0,14
VALE3 VALE ON 62,39 62,11 62,59 62,93 62,56 -0,19
BBSE3 BB SEGURIDADE ON 31,44 31,05 31,34 31,69 31,36 -0,25
USIM5 USIMINAS PNA 5,91 5,91 5,95 6,00 5,93 -0,34
UGPA3 ULTRAPAR ON 19,78 19,61 19,72 19,82 19,73 -0,40
KLBN11 KLABIN S/A UNT 22,57 22,18 22,38 22,67 22,43 -0,66
BEEF3 MINERVA ON 7,39 7,31 7,40 7,48 7,38 -0,67
LWSA3 LOCAWEB ON 5,76 5,75 5,83 5,94 5,78 -0,69
SUZB3 SUZANO S.A. ON 54,54 53,97 54,43 55,07 54,40 -0,91
PRIO3 PETRORIO ON 49,39 48,80 49,13 49,87 48,84 -1,73
MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 1,53 1,50 1,53 1,56 1,51 -1,95
PETR3 PETROBRAS ON 39,63 38,23 38,86 39,69 38,35 -6,03
PETR4 PETROBRAS PN 36,59 35,26 36,04 36,80 35,35 -6,61



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