Câmbio

BC vai cortar a Selic em quanto? Veja as apostas do mercado | Hora de Investir


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) vai anunciar nesta quarta-feira (8), no começo da noite, o novo patamar para a taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano. Os ajustes, quando necessários, são feitos em intervalos mínimos de 0,25 ponto percentual.

De acordo com o BC, o Copom toma as decisões com base nas análises das expectativas para a inflação, no balanço de riscos e no ritmo da atividade econômica. Tudo para manter o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dentro da meta, atualmente em 3% ao ano, com intervalo de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Mas o mercado financeiro já trabalha tentando antecipar a decisão da autoridade monetária, com apostas que envolvem ganhos e perdas financeiros. O gráfico abaixo mostra as chances de cada possível ajuste dos juros. As projeções usam como base os Contratos de Opção de Copom negociados na B3, e são publicadas com regularidade pelo Valor Investe aqui.

O Contrato de Opção de Copom tem remuneração de R$ 100 para a aposta na faixa certeira do ajuste dos juros promovido pelo BC. Para as demais possibilidades não contempladas, a remuneração é zero.

A estimativa predominante hoje é de um corte de 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 10,50% ao ano. O contrato envolve desembolso de R$ 82 para um retorno potencial de R$ 100.

A segunda aposta mais frequente é um corte de 0,50 ponto percentual, o que levaria a Selic para 10,25% ao ano. Nesse caso, o ganho é maior. Um gasto de R$ 15 poderia dar um retorno de R$ 100.

A terceira estimativa mais frequente é pela manutenção da Selic nos 10,75% ao ano. Nesse caso, o desembolso de R$ 3 daria um ganho de R$ 100.

Houve uma mudança relevante das expectativas nos últimos dias. O gráfico abaixo mostra a evolução das probabilidades por faixas de ajustes desde a última reunião do Copom no fim de março.

Antes, a estimativa predominante, com possibilidade de aproximadamente 90%, dado o patamar de negociação do contrato de opção de Copom por R$ 90, era de queda da taxa Selic de 0,50 ponto percentual. A partir de 12 de abril, começaram a diminuir as chances de repetição de intensidade dos últimos seis cortes. Desde agosto de 2023, o Copom vinha promovendo cortes de 0,50 ponto percentual a cada reunião. No dia 17 de abril, as estimativas mais frequentes passaram a ser de queda de apenas 0,25 ponto percentual.

Isso aconteceu por dois fatores principais. O mais importante foi a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), iria manter a taxa de juros nos Estados Unidos no atual patamar por mais tempo do que o imaginado inicialmente. Isso desencadeou um ajuste no preço dos ativos internacionais e acabou impactando a cotação do dólar em relação ao real.

O dólar mais caro, além de outros efeitos, tem impacto no custo de produção local e, portanto, na inflação.

Esse fato poderia justificar a redução do ímpeto do BC para continuar cortando os juros no ritmo anteriormente planejado. Mas teve mais coisa, na seara local.

O outro fator tem relação com o aspectos internos.

Resumidamente, o governo empurrou para frente o objetivo de gastar menos do que arrecada já no próximo ano – as tais metas fiscais. Em outras palavras, escolheu lidar com maior endividamento ao longo dos anos. Desse modo, aumentou a sensação de risco oferecida pelo governo, acabou incentivando a troca dos investimentos em títulos públicos de longo prazo pelos de curto prazo e, em tese, subiu a necessidade de se pagar mais juros para se financiar. Do contrário, as aplicações financeiras poderiam acabar partindo para moradas consideradas mais seguras.

Enfim, a queda de 0,25 ponto percentual vai se consolidando como o resultado mais provável, saindo do patamar de R$ 50 para os atuais R$ 82. Adicionalmente, a estimativa para a manutenção da taxa Selic passou a ter uma probabilidade, ainda que pequena, a ser considerada no cenário dos profissionais do mercado.

juros selic taxa de juros — Foto: Getty Images
juros selic taxa de juros — Foto: Getty Images



Valorinveste

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo