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Ibovespa tropeça em medo de recessão nos EUA e perde os 127 mil pontos | Bolsas e índices


Por todo o mundo, os ativos de risco mergulharam na onda de mau humor. Em Nova York, os índices afundaram mais de 2% somente neste pregão. A bolsa brasileira não escapou da forte aversão a risco e também caiu 1,29% na semana, sendo a maior parte da queda concentrada nos últimos dois dias, quando as perspectivas de uma recessão ganharam forma e força. O ‘índice do medo’, VIX, que mede volatilidade do S&P 500, disparou quase 40% e atinge maior nível em quase dois anos.

  • Ibovespa recuou 1,21% aos 125.854 pontos, amargando uma desvalorização de 1,41% em agoosto e 6,21% no acumulado deste ano;
  • O volume de negociações no Ibovespa voltou a pegar tração, atingindo R$ 18 bilhões nesta sexta, ante a média diária e R$ 16,6 bilhões registada nos últimos 12 meses.

“Nós tivemos dados americanos que vieram abaixo do esperado, o que de fato acaba sendo positivo quando a gente olha a política monetária, mas acabou se tornando aí um gatilho para a realização”, comenta Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

O mercado tinha a expectativa de que o aperto monetário acabasse antes da deterioração da economia, como resultado de muito tempo de taxas altas. Este é o chamado “pouso suave”, algo difícil de conseguir e que agora ficou mais distante no caso dos EUA. O índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês), divulgado na quinta-feira, mostrou que a indústria está em território contracionista. Ou seja, houve uma queda importante nos pedidos, indicando enfraquecimento econômico. E o relatório de emprego fortaleceu a tese de perda de força econômica do país.

Até então, a arrefecimento do mercado de trabalho e a inflação em queda, rumo a meta de 2%, vinham sendo comemorados. Mas a adição da contração da indústria e redução abrupta do número de vagas abertas acenderam o sinal de alerta, aumentando a pressão de venda de ativos de risco

Diante de uma China com a economia já em desaceleração e os Estados Unidos rumo à uma recessão, o mundo todo fica à beira do precipício. O temor é de recessão global.

“Além dessa cautela em relação à desaceleração da economia americana, nós temos também a economia chinesa, que acabou apresentando sinais de desaceleração. Logo, tivemos também as commodities sofrendo com a baixa demanda nessa ponta, refletindo um pouco da prioridade da China em relação a investimentos ao invés de consumo”, completa Iarussi.

A amargura da bolsa brasileira foi limitada se compara aos seus pares no exterior. No campo positivo o destaque foi para as empresas que se beneficiam da queda de juros.

  • Das 86 ações do Ibovespa, 41 tiveram alta, mas as outras 43 que registraram queda tinham um peso bem maior na composição do índice.
  • Após tocar máxima em 4 anos, dólar fechou em queda, a R$ 5,71; na semana, sobe 0,91%. A moeda acumula alta de 0,97%% no mês e 18,8% no ano ante o real.

Recentemente, o dólar tem passado por um movimento de disparada. O desmonte de operações “carry-trade” aceleraram a desvalorização do real ante a moeda americana. Esse tipo de estratégia usa juros e câmbio de um país para o outro para obter ganhos.

Pelo fato de o Japão ter passado anos com juros negativos, muitos investidores pegavam dinheiro emprestado em ienes, pagando taxas baixas, e aplicavam em países com juros altos, como o Brasil. A ideia é ganhar na diferença entre taxas e moedas.

Na medida em que o iene se valorizou e o banco central japonês aumentou as taxas de juros, esses carry-trades passaram a não fazer mais sentido e as operações foram desfeitas antes mesmo do anúncio oficial da autoridade monetária, divulgado na última quarta-feira.

Como a diferença das taxas de juros diminuiu entre os dois países e o real perdeu valor quando o iene se apreciou, os investidores correram para evitar prejuízos ao ver um cenário que ia de encontro ao que eles esperavam encontrar. Com a saída desses investimentos, a moeda brasileira perdeu ainda mais valor ante o dólar.

Os juros no Brasil acompanharam a queda firme das taxas dos títulos públicos americanos. Em cenários de recessão, os juros tendem a cair como forma de equilibrar o consumo e a inflação. O movimento se intensificou quando um dos dirigentes do Banco Central dos EUA reconheceu que os cortes devem vir em breve.

  • As taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 saíram de 10,69% para 10,55%. Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic;
  • Já para janeiro de 2034, passaram de 11,97% para 11,77%. Essas taxas mais longas costumam medir o tal do “risco fiscal”, que é a capacidade de o governo manter as contas públicas em dia.
Pânico — Foto: Getty Center
Pânico — Foto: Getty Center



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