Dicas

Hamburgueria que tinha Carlinhos Maia como sócio encerra 100 franquias, e rede fala em ‘reestruturação’ | Franquias


Um vídeo de uma empreendedora identificada como Thalia Nunes Lima viralizou no TikTok nesta semana. Nas imagens, ela mostra uma cozinha fechada e afirma que a rede The B-Burgers, que tinha o influenciador Carlinhos Maia como um dos sócios, teria fechado “mais de 100 franquias” sob acusações de má gestão. “É isso que acontece quando se acredita em influencers, todo seu dinheiro sofrido, suado”, diz ela no vídeo, que alcançou mais de 3 milhões de visualizações na rede social. Procurada por PEGN, a rede confirmou ter encerrado um total de 100 unidades e alegou estar passando por “reestruturação”.

Em um vídeo posterior, a ex-franqueada explicou que comprou a franquia em 2022 porque Carlinhos Maia havia garantido “lucros e vendas absurdas”. “Ele simplesmente não divulgou [a marca]”, diz Lima. Em entrevista à Quem, ela disse que atua no ramo de franquias desde 2016 e investiu R$ 150 mil no negócio após ver a divulgação de Maia, mas não recebeu suporte da franqueadora. PEGN tentou contato com a empreendedora, mas não obteve retorno até o fechamento deste texto.

Não foi possível carregar o conteúdo

Seu dispositivo possui uma resolução não suportada.

A The B-Burger foi fundada em 2018 pelo chef Ítalo Bruno, em Aracaju (SE), e começou a expansão em 2020, chegando a 20 lojas. Em 2021, a rede ganhou a sociedade de Carlinhos Maia, ao lado da aceleradora 300 Franchising. Na época, em entrevista a PEGN, o influenciador divulgou que conseguia vender unidades apenas ao mencionar a hamburgueria em seus stories. Maia é seguido atualmente por 28,8 milhões de pessoas no Instagram.

O movimento de encerramento das operações começou há cerca de um ano, após a entrada do novo CEO, Talles Howard, que tem experiência no mercado de franquias e food service. A PEGN, ele afirma que, dos 100 fechamentos, 40 foram de lojas que ainda nem tinham aberto as portas. “Vimos que não tinha perfil e devolvemos a taxa de franquia”, diz. Tanto Carlinhos quanto a aceleradora não fazem mais parte do quadro societário. Segundo a rede, o processo ocorreu em junho de 2023, antes da polêmica nas redes sociais.

De acordo com o CEO, as operações encerradas pertenciam a franqueados que não participavam de treinamentos e convenções, não pagavam os royalties e, em alguns casos, não recebiam sequer os consultores de campo. Howard diz que algumas lojas foram fechadas por iniciativa dos próprios franqueados e outras após um acionamento extrajudicial e judicial da franqueadora. “Tentamos resgatar, fazer o repasse, mas os franqueados muitas vezes são tão negativos que nem o repasse eu consigo fazer, porque ele fala mal da operação”, diz.

De acordo com ele, a insatisfação nas redes se dá pela popularidade de Maia e porque os franqueados estariam ‘insatisfeitos por não performar e precisariam encontrar um culpado’. A ideia agora é rever o processo de seleção de franqueados para torná-lo mais criterioso. “A aceleração de uma franquia que está iniciando, como era nosso caso lá atrás, tem que ser muito bem estabelecida para não gerar esses ruídos.”

Carlinhos Maia sai da sociedade e passa a aparecer só em campanhas

Uma das medidas tomadas por Howard foi a paralisação da expansão acelerada e a revisão do quadro de sócios. Hoje, apenas ele e o fundador são os sócios da marca, e a ideia é que a participação de Carlinhos Maia no negócio seja limitada às campanhas publicitárias, sem captação de franqueados.

“Entendemos que a marca tem de ser maior que o influenciador. As pessoas não sabiam o nome da marca, e chamavam de ‘hamburgueria do Carlinhos Maia’. Isso é bom, porque atrai público, mas também é ruim, porque atrai haters”, diz.

Isso, inclusive, teria influenciado no perfil de franqueados que entrou para a rede no período, na visão do CEO. “Entendemos que colocamos para dentro muitos fãs de Carlinhos Maia, que não são empreendedores, que esperam que ele vá até a loja. A gente achou melhor nesse momento de reestruturação tirar ele da sociedade”, diz.

Segundo a rede, o contrato do influenciador com a The B-Burgers tem mais dois anos de vigência, e a empresa poderá usar a imagem dele em campanhas. “Carlinhos Maia é um dos maiores influencers do mundo e um grande amigo. Ele é nosso parceiro e, certamente, tem um carinho especial pela The B-Burgers”, diz Ítalo Bruno, o fundador.

O influenciador não foi localizado para comentar, mas divulgou, por meio das redes sociais, que se pronunciará sobre o caso na próxima sexta-feira (6/10).

Carlinhos Maia diz que se pronunciará sobre o caso na sexta-feira — Foto: Reprodução / Instagram
Carlinhos Maia diz que se pronunciará sobre o caso na sexta-feira — Foto: Reprodução / Instagram

Problemas perduram há mais de um ano

Antes da entrada de Howard, a empresa já vinha sofrendo com parcerias feitas com alguns fornecedores, que influenciavam no padrão das lojas, de acordo com o executivo.

Em comunicado, Bruno, fundador da rede, resumiu a situação: “Havia lojas sem controle, comercializando produtos fora do padrão, com carne não homologada, pão comprado em qualquer lugar, molho sem os ingredientes corretos, produtos que não estavam no cardápio. Isso não pode acontecer numa rede de franquias, vira bagunça”, diz. A ideia agora é abrir os próprios centros de distribuição para assumir essa frente. O que atende as regiões Norte e Nordeste, principal mercado da empresa, já foi inaugurado.

Aquisição de outra empresa para aumentar faturamento das lojas

Hoje, a rede ainda tem 150 unidades abertas, de acordo com Howard, e tem investido para aumentar o faturamento dessas lojas. Cerca de 80% têm “conseguido se pagar e ficado com algum lucro”. Ele afirma que a venda por delivery tem crescido e representado até 15% do faturamento das operações.

Isso motivou a marca a fazer a aquisição de outra marca, a Johnny Smash Burger, de Maceió (AL), com um tíquete médio menor, para funcionar de forma virtual nas lojas da The B-Burgers, otimizando suprimentos e matéria-prima e ajudando na receita. A transação foi de cerca de R$ 500 mil. Atualmente, 20% da rede já opera com a nova marca, e a ideia é que todas as unidades recebam a operação até o primeiro semestre de 2024.

Rebranding custeado pela franqueadora em algumas lojas

Além do fechamento das lojas, a The B-Burgers fez uma reestruturação que compreende a renegociação de contratos com fornecedores, cadastro de novos parceiros, mudanças nas equipes de marketing, renegociação de dívidas de franqueados, uma gestão comportamental chamada de Yellow Vibes e um programa de excelência.

A mudança também trouxe um rebranding, sobretudo para as regiões Sul e Sudeste, onde a marca tem mais oportunidades para escalar. De acordo com Howard, a repaginação de algumas lojas estratégicas será bancada pela própria franqueadora.

O CEO, que já passou por marcas como Açaí Concept, diz que resolveu entrar como sócio da rede, mesmo diante de todos os problemas, pois encara a experiência como um “desafio pessoal”. “Eu entendi que seria um dos maiores desafios da minha vida. Pegar uma rede desestabilizada, com grande ruído, e transformar em uma rede de credibilidade. Um desafio pessoal para minha carreira”, afirma.



PEGN

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo