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Galípolo diz que Copom foi corajoso ao indicar cortes de juros no início do ano que vem | Moedas e Juros


O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou há pouco que o colegiado já foi “bastante corajoso” em colocar no plural a indicação de que continuará cortando a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual “nas próximas reuniões” e que avançar na sinalização “pode ser bastante danoso”.

“A gente acha que já foi bastante corajoso em fazer guidance [sinalização futura] e escrever ‘próximas reuniões’ [no plural]. Avançar mais no forward guidance pode ser bastante danoso para a autoridade monetária. Dado o nível de incerteza, eu sigo um pouco como um navegador do século XVI, que enxerga uma milha e meia à frente”, disse o diretor em evento da Sescon-SP logo após a publicação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu os juros para 12,25% ao ano.

Ao usar o plural no comunicado, o Copom deixou claro que 2024 já vai começar com cortes, dando continuidade ao afrouxo monetário iniciado este ano. Isso porque só há mais uma reunião do comitê este ano, em dezembro. Portanto, já há redução de taxa prevista para o ano que vem.

Galípolo avaliou que as expectativas se acentuaram nas duas direções: na dinâmica mais benigna doméstica e no cenário de maior adversidade internacional. Mesmo assim, segundo ele, o Brasil reúne características que pode fazer com o país que se destaque em relação aos seus pares.

“Câmbio e petróleo vêm se comportando relativamente bem, com alterações modestas (…) Precisamos analisar com calma como as variáveis vão se comportar”, disse. Para ele, o Copom “foi feliz” em determinar um ritmo de corte de juros que permite “ajustar o nível de contração e ter tempo para analisar as variáveis”.

Para ele, do ponto de vista doméstico o cenário é “bastante benigno”. “Serviços e núcleos vêm apresentando dinâmica benigna”, reiterou.

Galípolo disse que um “indicativo importante” para determinar o impacto do cenário internacional no Brasil é que na semana passada saiu dado do mercado dos Estados Unidos mais fraco. “Com a possibilidade de os EUA não precisarem ficar com a política monetária apertada por tanto tempo, a gente teve a melhor semana da bolsa”, lembrou.

“Isso mostra a predominância do cenário internacional para explicar a dinâmica do que vem acontecendo no Brasil. É um cenário mais adverso para países emergentes”, complementou.

Ele pontuou que a ata do Copom trouxe o debate do colegiado sobre os canais de transmissão do ambiente externo para a economia doméstica e enfatizou que o principal é a taxa de câmbio.

“Muitos apostariam [com a guerra no Oriente Médio] que o real estivesse mais desvalorizado que está hoje e petróleo mais caro. As correlações entre variáveis vêm surpreendendo”, ponderou. “Seria difícil prever uma desinflação como a gente vê no Brasil com mercado de trabalho resiliente. A abertura das treasures levaria à hipótese de real mais desvalorizado [do que de fato está]”, acrescentou.

O diretor pontuou que “esse é um cenário que dá um alento de que não é uma jabuticaba [peculiaridade brasileira] dessa vez”.

Conteúdo publicado pelo Valor PRO, serviço de tempo real do Valor

 — Foto: Pedro França/Agência Senado
— Foto: Pedro França/Agência Senado



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