Fundos imobiliários de tijolo desafiam patamar de juros e brilham | Fundos Imobiliários
Após o susto de junho, quando o Ifix registrou o pior desempenho desde outubro do ano passado, o índice de referência da classe de fundos imobiliários conseguiu se defender no terreno positivo, ainda que por pouco, em julho. No saldo mensal, acumulou valorização de 0,53%.
Em comparação com o mercado acionário, o desempenho do Ifix ficou abaixo dos ganhos de cerca de 3% do Ibovespa. No ano, porém, o índice dos fundos imobiliários ainda garante uma alta de 1,5%, enquanto a referência das ações desvaloriza 5%.
Os fundos imobiliários de galpões logísticos foram os grandes protagonistas no último mês, com valorização média de 2,3%, conforme números levantados pelo analista do Santander, Flávio Pires.
Os fundos de renda urbana ficaram um pouco mais atrás, com ganhos de 1,50%, em média, seguidos pelo segmento de shoppings, que registrou alta de 1,13% no período.
A categoria de “papel”, cuja estratégia visa o investimento em títulos de renda fixa atrelados ao mercado imobiliário, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), assumiu a quarta posição em termos de desempenho, com apreciação de 0,77% no mês.
Em geral, apesar da piora nas projeções para a inflação e do cenário de taxa de juros em dois dígitos por mais tempo, os fundos imobiliários de “tijolo”, que investem em imóveis físicos, foram os destaques de julho.
A fotografia dos cinco melhores fundos imobiliários do período retrata bem esses números.
- Entre os que tiveram melhor performance, três são de tijolo, sendo que dois são do segmento de galpões logísticos (RBRL11 e VILG11) e um de lajes corporativas (XPPR11). Os outros dois fundos investem em recebíveis imobiliários (VSLH11 e HCTR11).
Os piores desempenhos no mês também foram registrados pelos fundos imobiliários de tijolo, com destaque para os que investem em lajes corporativas – único segmento da categoria que teve variação negativa em julho.
- De um total de cinco, três são de escritórios (VINO11, RCRB11 e BROF11), enquanto um é do segmento de fundo de fundos (KFOF11) e outro tem sua carteira concentrada em recebíveis imobiliários (OUJP11).
Em relatório, Fernando Siqueira, chefe de pesquisa da Guide Investimentos, pondera que o contexto econômico atual demanda cuidado, em razão do potencial impacto da política monetária e do risco fiscal na indústria de fundos imobiliários.
Com o patamar atual dos juros e a perspectiva de que a taxa deve continuar elevada por mais um tempo, Siqueira avalia que os fundos imobiliários que investem em títulos de renda fixa apresentam maior resiliência para atravessar o momento.
Mesmo assim, aos investidores que buscam ativos descontados e de baixo risco, os fundos imobiliários de tijolo podem ser uma boa opção para o horizonte de médio e longo prazo.
Siqueira destaca, ainda, que a manutenção de uma postura mais responsável em relação ao cenário fiscal por parte do governo pode ajudar a estabilizar o mercado e, consequentemente, impulsionar os fundos atrelados ao ativo real.