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Presidente do BC americano ‘escancara’ porta para mais juros nos EUA | Investimento no Exterior


Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) ainda não têm confiança de que a política monetária do banco central dos EUA está em nível suficientemente restritivo para reduzir a inflação à meta de 2% de forma sustentável, afirmou na tarde desta quinta (9) o presidente da entidade, Jerome Powell, em discurso durante evento do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Jerome Powell — Foto: GettyImages
Jerome Powell — Foto: GettyImages

“O crescimento do Produto Interno Bruto no terceiro trimestre foi bastante forte, mas, como a maioria dos analistas, esperamos que o crescimento seja moderado nos próximos trimestres. É claro que isso ainda está para ser visto, e estamos atentos ao risco de que um crescimento mais forte possa prejudicar o progresso adicional na restauração do equilíbrio do mercado de trabalho e na redução da inflação, o que poderia justificar uma resposta da política monetária”, disse Powell em seu discurso divulgado no site do Fed.

De acordo com ele, a inflação, embora tenha diminuído notavelmente desde que o Fed iniciou o aumento de juros em março de 2022, segue muito acima da meta e, por isso, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) não hesitará em elevar novamente os juros caso veja necessidade. De qualquer forma, o momento é de cautela e o Fed deve acompanhar a evolução dos indicadores antes de mover a taxa básica, segundo Powell.

Para Powell, a política monetária dos EUA está em um patamar restritivo e coloca pressão sobre as dinâmicas de demanda e a inflação. Já o mercado de trabalho ainda está apertado, mas o aumento da oferta de mão de obra e a desaceleração do ganho salarial têm contribuído para trazê-lo a um melhor equilíbrio.

O presidente do Fed ainda abordou questões importantes para a política monetária nos próximos anos. A extensão do impacto do choque de oferta provocado pela pandemia de covid-19 desafiou a noção de que os bancos centrais podem sempre ignorar tais choques, mesmo que pareçam ter caráter passageiro, ressaltou Powell.

“Muitos argumentam também que, no futuro, as interrupções na oferta provavelmente serão mais frequentes ou mais persistentes do que nas décadas imediatamente anteriores à pandemia”. Se isso se confirmar, o progresso da inflação à meta pode depender mais de uma política monetária rígida do que de dinâmicas favoráveis de oferta, acrescentou Powell.

Enquanto proferia seu discurso, Powell foi interrompido por um protesto de ativistas climáticos, que obrigou o presidente do Fed a deixar o púlpito. Algo similar aconteceu em meados de outubro. Organizações de defesa do meio ambiente alegam que o Fed tem negligenciado seu papel de combater as mudanças climáticas.

Poucos minutos depois, Powell retomou seu discurso sob aplausos da plateia presente no evento.

Conteúdo publicado no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico.



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