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O Fed deve encerrar a alta dos juros? | Investimento no Exterior


É um consenso entre os analistas de que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed) irá manter os juros no intervalo entre 5,25% e 5,50%. A decisão será divulgada nesta quarta-feira (20/09), às 15h (horário de Brasília).

Os analistas do Bank of America (BofA) dizem que um resultado de taxa inalterado é praticamente certo. Eles lembram que a última e única vez que o Fed manteve as taxas inalteradas neste ciclo de aperto monetário foi em junho. Naquele momento, a decisão foi acompanhada por uma revisão para cima da mediana de 2023, de 5,125 a 5,625%.

A equipe do BofA ressalta que até agora o Fed cumpriu a sua orientação para as taxas, embora os mercados atualmente atribuem apenas cerca de 55% de probabilidade de que isso seja realizado integralmente em novembro ou dezembro, número que deve subir caso a orientação seja mantida.

Desde a última reunião em julho, a economia americana vem surpreendendo com crescimento mais forte do que o esperado, dizem os analistas do BTG Pactual, em relatório. A atividade econômica e o mercado de trabalho mostram resiliência no curto prazo. Dado esse cenário, é esperado um menor ímpeto do ciclo de aperto monetário. Os analistas do banco de investimento esperam que as taxas se mantenham estáveis, mas o FOMC “deixará a porta aberta, com a barra elevada para novo ajuste”.

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“Dado a evolução do cenário macro e as falas recentes dos membros do Fed, entendemos que o FOMC optará pela manutenção da taxa. Esperamos que a postura do comitê seja semelhante à de Powell em Jackson Hole, reforçando o balanço de risco altista para a dinâmica de salários e da inflação por conta da atividade mais forte, mas reconhecendo os progressos recentes”.

Os analistas apontam ainda que os membros do FOMC devem ainda reforçar a vigilância para com os efeitos defasados da política monetária e, durante a coletiva de imprensa, é provável que Powell seja questionado dos impactos para 2024, quando deve reforçar o cenário de taxas de juros maiores por mais tempo.

Para analistas da corretora Guide, o BC norte-americano dificilmente fará algo inesperado nesta quarta-feira. Entretanto, o importante será a comunicação, uma vez que ainda há alguma dúvida se na reunião seguinte há chances de mais um aumento da taxa.

Relatório de projeções

Como todo final de trimestre, nesta quarta-feira também será divulgado o relatório de projeções do Fed, o que pode ajudar a entender se já estamos no fim do ciclo de aperto.

Os analistas do Bank of America Merryll Lynch (BofA) apontam que os pontos do Sumário de Projeções Econômicas (SEP) provavelmente serão mantidos para 2023 e atualizados a partir de 2024, resultando em uma interpretação “hawkish”, ou seja, uma postura de taxas maiores no futuro.

Já os analistas do BTG preveem que a projeção mediana do comitê deve apresentar uma revisão altista do crescimento em 2023 e 2024, acompanhada de uma redução das expectativas de taxa de desemprego para esse período (atualmente em 4,1% e 4,5%, respectivamente).

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Por outro lado, a despeito de tal movimento, a incorporação dos últimos dados de inflação devem provocar uma importante revisão baixista das estimativas do núcleo do Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) em 2023, atualmente em 3,9% e devendo se aproximar de 3,5%. Já a inflação esperada deve permanecer acima da meta até 2025.

Por fim, a equipe do banco de investimento entende que a mediana do FOMC ainda continuará antecipando um novo ajuste de juros neste ano, com a taxa encerrando 2023 a 5,6%. “Entendemos que essa é a forma de sinalizar o viés de aperto, mas que não deve ser operacionalizado nas próximas duas reuniões”. No próximo ano o FOMC deve manter os cortes em 100 pontos-base, o que fará a taxa atingir 4,6%.

Na avaliação dos economistas da Anbima, a taxa de juros americana deve continuar alta por mais tempo do que previsto.

Jerome Powell, presidente do Fed — Foto: Flickr Federalreserve/Creative Commons
Jerome Powell, presidente do Fed — Foto: Flickr Federalreserve/Creative Commons



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