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É o fim da alta dos juros na Europa? | Investimento no Exterior


O anúncio de alta de 0,25 pontos-base dos juros na zona do Euro, para 4%, deixou os analistas surpresos e, os investidores, confusos. Afinal, o ciclo de alta acabou ou não dessa vez?

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse não poder garantir que não haverá novas altas. Mas, para os economistas, existem sinais claros emitidos pela autoridade monetária de que o aperto monetário foi concluído após dez altas consecutivas, o que levou os juros a sua máxima histórica.

No comunicado do BCE para a imprensa, a justificativa para o aumento mais uma vez destacou que, apesar de estar caindo, a inflação na região permanece alta e consideravelmente acima da meta de 2% ao ano. Por outro lado, a autoridade monetária também ressaltou que o conselho de política monetária acredita que as taxas atingiram níveis que, se mantidos por um período suficiente, farão uma contribuição substantiva para que a inflação retorne para a meta em um período adequado.

Para Gino Olivares, economista-chefe da gestora de patrimônio da Azimut, a própria sinalização do BC europeu sugeria como resultado mais provável a manutenção da taxa de juros, pelo menos nesta reunião. Contudo, a maior surpresa, na sua visão, foi a sinalização explícita que a diretoria considera que o nível atingido pela taxa de juros será suficiente, se mantido por período suficientemente longo, para trazer a inflação de volta para a meta de 2%.

“Em termos práticos, isso representa o anúncio do fim do ciclo de alta dos juros. É verdade que o comunicado da decisão aponta que a diretoria não fechou completamente a porta para ajustes adicionais; mas a mensagem sugere que a barra para altas adicionais ficou bem elevada”.

Leia mais: Bolsas da Europa fecham em alta, com aposta em fim do ciclo de aumento de juros

Dario Messi, analista de renda fixa da gestora Julius Baer, a sinalização da autoridade monetária sobre a fraqueza do cenário econômico e a forte deterioração da dinâmica do mercado de crédito leva a acreditar que o pico dos juros finalmente chegou ao final.

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, também concorda que a afirmação do BCE abre espaço para a interpretação de que o ciclo de alta pode ter sido encerrado. “Se isso for verdade, as discussões naturalmente se voltarão para quando as taxas poderão começar a cair”.

Mesmo a fala de Lagarde, de que a decisão foi feita por maioria, não por unanimidade, pois um grupo de membros querendo manter a taxa inalterada, reforça essa visão, diz Olivares. “Sugere que a alta de juros de hoje junto com o anúncio do encerramento do ciclo de altas foi a solução de compromisso entre as diferentes visões dos membros da diretoria”.

Para Olivares, da Azimut, não há sinais suficientemente confiáveis de que a inflação ao consumidor entrou definitivamente em trajetória de queda. Por isso, na sua opinião, o BCE está fazendo uma aposta de que a desaceleração da atividade econômica na zona do euro será suficiente para gerar a desinflação.

“O principal questionamento a essa aposta é que a fraqueza da atividade é uma realidade há tempos; mas isso não tem sido suficiente para segurar o aumento dos preços. Por isso, tenho dúvida sobre a probabilidade de acerto dessa estimativa”.

dúvida mulher  — Foto: Getty Images
dúvida mulher — Foto: Getty Images



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